E o esdrúxulo cavaleiro sairá
abatido, como todo bom e velho ser humano. Não aos moldes “adolescentes” de
abatimento, mas um abatimento verdadeiro, merecedor de crédito, porém mais
incisivo, centrado, menos insano e descontrolado. Um abatimento típico dos
homens velhos, que se abatem e sabem admitir que “foi necessário, próxima rodada”. Não há motivos para alardes,
tempestades e encarnações ultrarromânticas, é apenas um fim como todos os
outros, com a única diferença de que, nesta ímpar e peculiar situação, o
protagonista deste lado da estrada será não somente abatido, como mal visto,
criticado e repudiado. Não que ele não esteja acostumado. Esse, meu amigo, é o
preço por construir uma capa que, dependendo do espectador, sempre teve duas
versões: a bobinha e a canalha. E o segundo lado está virado para cima agora, o
lado da faceta mais torpe, suja e sem escrúpulos.
O pobre abatido não se importa de ser
visto assim, não se houver no fundo um motivo e um propósito maior, quase com
um tom enlameado de sacrifício. Talvez ele até se sinta como um particular novo
tipo de Jesus Cristo, pregado em uma cruz que já estava fincada no chão há
muito, muito tempo; talvez ele até se sinta como um particular novo tipo de
Cavaleiro das Trevas, que nunca, jamais foi o tipo reto de herói (nem de longe), porém iniciou sua
carreira com bons motivos e intenções.
Pobre herói. Pobre anti-herói. Pobre
vilão. Que sua cabeça agora esteja a prêmio, que agora ele realmente seja
aquilo que os outros querem que ele seja – talvez seja mais fácil. É o preço de
um bom sacrifício. É o preço da paz.
CAVALEIRO DAS TREVAS (PARTE 2)
CAVALEIRO DAS TREVAS (PARTE 2)
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