Ela se foi na mesma semana em que
derradeiramente descobri quem era. Na teoria, pelo menos, embora na prática eu
já a sentisse há tantas vidas. Ela morreu daquela forma: gradativamente
complexada, com críticas sussurradas ao acaso, com olhares e indagações tão
aparentemente inocentes. “Por que você
faz isso? Por que você faz ela?”. Foi aí que ela começou a morrer, pobre
moça. Eu a amava tanto, juro que a amava. Também juro que a sentia com todas as
minhas forças mais juvenis, porque fazia parte de mim, fazia parte do meu não-oficial-ofício.
Ela fazia parte da minha inútil, nada convencional e não considerável arte,
porque ela era a minha arte. Naquela
fatídica semana, logo quando finalmente eu a havia descoberto pelas vias teóricas
de fato (embora estivesse numa linha de pensamento que andava cagando para as tão
obsoletas teorias), a pobre e linda moça catacumbou-se dentro de mim, levada
pela triste degradação minha, pela morte do meu gosto, do meu interesse, do meu
despertar para a triste, cinzenta e insossa realidade.
Ela morreu tão tragicamente dentro de
mim que nem lágrimas mais eu possuía para me despedir. Talvez minhas lágrimas
estejam aqui nestas linhas, indiretamente um memorando último que não ecoará no
tempo. Eu só queria me despedir de maneira justa, à altura de tudo o que a
linda moça me proporcionou nos últimos anos.
Vá em paz, Poesia.