Mais uma afirmação vinda de mim...
Opa, melhor dizendo, de vocês: eu sou muito infantil. Sim, eu sou. Devo
ser, não é? Sobretudo por escrever em um blog e falar sobre idiotices que
alguns de vocês, senhores e senhoras
superiores, julgam coisa de menininha - sim, não discordo, inclusive
partilho da mesma visão, pena o mundo continuar confundindo mera visão poética
e dramatização para a construção literária com ingenuidade. Não que eu me incomode tanto quanto antes, mas ainda
assim continua sendo um demasiado aperto nas bolas. Sério. O que raios vocês
têm na cabeça? Decerto meio mundo acha que sou desses bobinhos que só por dizer
“estou apaixonado” realmente está apaixonado, mas ao menos poderiam se dar ao
luxo de notar a brincadeira proposital usada pela ironia; decerto meio mundo
acha, também, que escrever belos textos sobre garotas aleatórias signifique que
me jogo de cabeça em qualquer mínimo flerte feito comigo – e que sou infantil,
que fantasiarei uma bela e longa história de amor numa simples ocasião de troca
de saliva ou fluídos corporais. Sim, é, é isso. Só porque me dou ao trabalho de
construir boas frases e tenho um pouco de tato para tal, não significa que eu
seja uma menininha de doze anos desenhando corações em volta do nome do amado
ou da amada – visto que até a classificação do sentimento está sendo feita de
forma errada. Sim, devo ser infantil e ingênuo – e o sou, já que a verdade
absoluta está com e em cada coisa por vocês dita. E isso me
irrita, me irrita pra caralho, porque além de ser pouco beneficiado com o dom
da testosterona inerente a qualquer homem – menos a mim, é claro, com cara de
pirralho e corpo de criança –, sou muito menos levado a sério por escrever aqui
essas coisas e ser visto como “leviano”, “ingênuo”, “infantil”, “diz que ama,
mas nem sabe o que é isso”. Pois tanto faz, que se foda o mundo e suas
percepções distorcidas, seus pré-julgamentos infundados e suas más
interpretações certeiras apenas em equívocos. Eu ligo, mas sempre caguei – caso
contrário já teria largado estas palavras, este blog e este quem sou. No fim,
devo ser infantil por justamente não ser panaca, preconceituoso, burro e
analfabeto como todos vocês, que insistem ler coisas erradas e distorcer minhas
palavras. É por isso que repito a intenção deste texto, tantas e tantas vezes:
me divirto olhando o circo pegar fogo, me faço de bobo e dou de ombros. Nas
palavras de Tywin Lannister: “Os maiores
idiotas são às vezes mais espertos do que os homens que deles riem”.
29 de dezembro de 2013
19 de dezembro de 2013
Leviano
Eu sou leviano, meu coração é fraco,
mole e vagabundo, tão frágil quanto um acúmulo de areia brevemente condensado.
Metáforas à parte, essa é a verdade, um mal que me compele há tempos, do qual
não consigo manter as rédeas e, lógico, merecedor de toda minha carga dramática
para a composição destas palavras. Vocês
também são assim? Há quem confunda minha brincadeira sobre “estar
apaixonado” com o ato sólido e direto de se apaixonar, assim como – as mesmas
pessoas – confundem com suas puras ignorâncias o meu ato de “admirar” com uma
“corrida ao banheiro”. Queria eu que todos parassem, por um segundo, de julgar
minha fútil e desprezível pessoa e entendessem a visão poética que me acomete.
Certa vez, escrevi aqui sobre as costas de uma garota, falei sobre acariciá-la,
nua, na cama, beijá-la e dedicá-la todo o carinho mais simplório e babaca de um
homem e, adivinhem só? Fui taxado
como tarado por deturpar leviana e frequentemente uma simples costa, imaginar
feitos sexuais brutos e, como sempre, “horas
e horas no banheiro”. Não sei se é sobre a visão poética ou sobre ter um
coração leviano; não sei se é sobre ser um tarado à solta que olha algumas
mulheres de maneira diferente (o que automaticamente já me torna leviano, no
sentido sexual e psicótico da coisa); não sei se é sobre o desconhecimento que
alguns sempre terão sobre enxergar o mundo com olhos distintos; no fundo, também
não sei se é sobre escritores ou metidos
a escritores sempre serem mal compreendidos, mal interpretados por suas
linhas retas e sinuosas que os mal avisados insistem em trilhar erroneamente;
escritores – ou metidos a escritores –
têm disso, certo? Suas entrelinhas, suas
metáforas, suas analogias cíclicas e substituições de termos serão lidas com
análises ferrenhas e maldosas, por receptores que enxergam borboletas no lugar
de mariposas ou vermelho no lugar do carmesim – porque saiba você ou não, há sim uma distinção, e na poesia, friso,
pequenas distinções podem significar imensos abismos separados por léguas de
distância. E talvez tudo isso me torne leviano: interpretações erradas,
julgamentos inapropriados sob ordens religiosas que insistem em dizer “não
julgarás”. E talvez – esta é a parte boa
– só por isso eu continue a escrever textos ambíguos e significados triplos,
com a singela intenção de soar verídico em minhas levianas paixões e com a
ácida intenção de jogar uma faísca na cobertura que cobre o espetáculo de suas
mentes - o que me torna leviano, no fim, é
adorar ver o circo de todos vocês pegar fogo.
15 de dezembro de 2013
É por mim
Agora é por mim, é por minha conta, é para mim. Há muito tempo deixei de fazer isso,
há muito tempo julguei-me incapaz e perdedor. Não há ninguém neste mundo que
desacredite em minha própria capacidade do que eu mesmo, e não há ninguém nesse
mundo que mais saiba o quanto sou capaz do que eu mesmo. Eu sei, não é força de vontade, não é pensamento positivo – bostas assim
ficam para aqueles que nada temem, que nada querem dramatizar, para aqueles que
amam a natureza e sentem sua essência no cérebro, pulmões e olhos; bostas assim
são para pessoas zens que, acredite,
me irritam mais que tudo; “eu nunca dou
ouvidos pra alguém que chega assim do nada, achando que tudo tá tranquilo o
tempo todo”. O que eu sei sobre mim mesmo, no fundo, é a mais pura certeza,
a mais pura crença, enquanto que o pessimismo serve, sobretudo, para elevar a
humildade – e funciona. A melhor parte nisso, é olhar para trás e ver meu eu de
antes, lembrar o quanto ele sonhou e o quanto ele foi capaz de alcançar esses
sonhos. Talvez você nem sequer lembre, mas eu disse que tinha feito aquilo por você, que tudo era por você,
por um futuro que eu te alcançaria e meus sonhos se concretizariam. Bem, eu
tentei; eu tentei por alguns segundos, tentei por alguns minutos, e consegui
por longos e arrastados meses – concretizei tudo aquilo que havia prometido, eu
cumpri. Não importa o rumo negativo
que a história tenha tomado, eu disse que faria e fiz, mas eu o fiz por você, e
minha missão cumprida foi também o início do meu declínio. Declinei e sofri,
mas no fim, nunca verdadeiramente estive na merda como sempre ousei dizer. Eu
me reergui e estou aqui, agora, esculpindo essas palavras que daqui a algumas
semanas poderão me fazer rir de orgulho ou de irônico deboche. Mas eu tentarei,
estou tentando, tentando e sempre tentando, sempre tentando, independente do quão
depressivo aparente ser ou o quão pessimistas soem minhas palavras escritas. Isto
eu jamais poderei chorar no futuro: jamais
reclamarei a dor de não ter tentado. Agora, muito diferente do que um dia eu
fui e como agi, livre de críticas,
piadas, risadas ou mágoas. Mesmo que te não tenha nada a ver com declínios e fracassos, agradeço profundamente,
porque no fim, se eu não tivesse tentado por você, lutado por você, e
fracassado por nós, talvez eu sequer estivesse aqui tentando novamente por mim.
Dane-se a perspectiva do egocentrismo, agora é só por mim – e por ninguém mais.
8 de dezembro de 2013
A força de uma mulher
Expliquem-me algo, expliquem-me isto: por que elas são tão sólidas, indobráveis
feito ferro, e nós tão fracos, quebradiços e submissos? Homens começam a
fazer e dizer besteiras, se afogam, pouco se importam com a vida, largam de mão
e desabam, agarram a desgraça com todas as forças. Mulheres? Mulheres sofrem,
não disse aqui que elas também não choram, não falei que são criaturas frias e
calculistas, não. Falo aqui da
capacidade inerente de terem forças, serem mil vezes mais capazes de abrir um
sorriso em meio à dor e dizerem: "posso vencer", e de fato vencem. Mulheres são tão admiráveis, que
entre a arte de esconderem mil segredos, o mais bem guardado são as lágrimas –
falo de mulheres, me refiro a mulheres de verdade, tenham elas doze, vinte ou setenta
anos. Aliás, nem todas as mulheres são mulheres, como nem todas as meninas são
meninas. Há uma mulher forte dentro de poucas adolescentes, adultas e idosas,
mas há sempre, sempre, um menino
fraco, chorão e sensível dentro de qualquer homem. Não há distinções para nós,
porque é um sentimento geral, afirmo aqui algo que nunca presenciei em meu
pouco tempo de vida: nunca vi um homem à prova de mulher, nunca vi um homem
forte perante a dor da distância ou do término, nunca vi um homem agir racionalmente
diante da dor. Isso sempre fará de nós meros meninos bobos e infantis, todos
serviçais dos encantos femininos. Nunca teremos a força para esquecê-las, nunca
teremos a força que elas possuem, pois mulheres superam, mulheres sempre sobem
mais um degrau, afastam o passado – nós; eu, você ou ele... – de seus corações
e são capazes de ressurgir para uma nova vida. E quanto nós? E quanto a mim? E quanto a você, caro amigo? Queria
eu compreender a magnificência do sexo oposto, queria eu possuir um terço dessa
força que elas possuem, para no mínimo aliviar a dor no peito e tentar querer ter uma nova vida, porque
nem isso nós tentamos. Estamos sempre presos e acorrentados, com medo não de
uma nova ferida, mas com medo de esquecer, com medo de sermos infiéis entre
todas as nossas falhas e infidelidades mais vis e superficiais. Exalto as
mulheres, exalto aquelas que conseguem ter essa força ou que lutam por ela, que
superam um amor e conseguem viver outro de maneira mais forte, vívida ou boba,
mas o fazem com maestria e perfeição.
A força de uma mulher é incomparável, imensurável e inesgotável. A força de um
homem? A minha força? Somos apenas
pobres beberrões que choramingam a falta de uma única mulher e fazem disso a
ladeira para todas as merdas futuras e atitudes de mal caráter.
Não, não justifico nossos erros, explico
apenas nossa instintiva e genética fraqueza. Porque explicar os erros é assunto
para outra hora. Ah, sim, isso é conteúdo para outro texto...
5 de dezembro de 2013
Vida vazia
Deve ser esta vida vazia, deve ser essa rotina que não muda e não acrescenta nada. Deve ser o meu desânimo por viver, o meu desânimo em ir lá fora e fazer o que sempre quis. Devem ser minhas limitações corporais, minha estima baixa e o ódio que costumo por mim mesmo, a imagem que odeio no espelho e minha exímia capacidade de julgar cada ação inferior a tudo e todos. Sim, é isso. Deve ser minha falta de sorte, deve ser a doença que me acomete um dos órgãos junto à doença que me acomete a cabeça, os olhos e o peito. Devem ser essas limitações impostas em casa, impostas pela vida. Deve ser essa vontade de encher a cara, beber, beber e beber, mas sabr que qualquer dia isso acabará me amputando uma perna ou pior – e vi tanta gente próxima a mim morrer disso. Deve ser de fato minha saúde fraca agindo com todas as outras limitações familiares, deve ser minha covardia em impor minha palavra e ser um pouco mais impulsivo. Deve ser tudo isso: tantas coisas que me desanimam mais e mais, me fazem perder a fé em mim mesmo... Esperem, precisei rir disso. Fé eu na vida pouco tive – desde criança –, fé em mim mesmo, então? Esperem, ainda estou rindo. O problema é tão simples e complicado ao mesmo tempo que nem sei como nasceu, onde cresceu ou como piorou. Devem ser tantas coisas que nem me importo em tratar ou buscar uma solução, eu só fico aqui para morrer, esperando o dia em que isso finalmente me aplacará. E não, eu não estou reclamando, pois ainda quero viver o bastante para terminar de ler uma lista de livros e escrever algumas histórias. Não que eu pense em enrolar uma corda no pescoço, não, isso é besteira, o cúmulo do inaceitável. São tantas coisas que, sinceramente, nem sei mais o que devem ser. Já não me importo, é só que incomoda. Incomoda nessa monotonia do quarto e da casa, sem poder sair, sem poder ou querer encontrar um sentido.
É uma vida tão cheia de coisas, mas uma vida vazia.
É uma vida tão cheia de coisas, mas uma vida vazia.
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