24 de agosto de 2013

Hobbie



Faço isso pela paixão, não pelo sucesso. Faço isso pela paz, não pelo público. Faço isso pela calmaria de uma pós-tempestade que me é o interno da cabeça, dos pensamentos e do peito mastigado. Faço isso pelo simples dom do hobbie, se é que dom e hobbie podem se unir. Se sim, aqui estamos, juntos, entrelaçados como num promíscuo sexo entre vira-latas. A princípio poderia eu ter enveredado por caminhos distintos, mas o senso da razão para agir perante a emoção sempre falou mais. Aliás, poucos foram os textos em que dediquei minha razão. Nunca o fiz para ganhar garotas, nunca o fiz para conquistar vaginas e estampá-las aos amigos como troféus. Porque isso não se faz, não um homem de verdade, tendo ele 10, 19 ou 80 anos. Fiz pelo gosto da escrita, sem profundamente almejar públicos ou fãs. Eu poderia ter tudo isso, caso quisesse. Poderia ter a maioria das mulheres, caso minha alto-estima fosse como a de uma pessoa comum. Mas, outra vez, não o fiz. Não sou otimista, não amo a mim mesmo para me sentir confiante. Mil delas não me satisfazem como apenas uma – ela – me satisfaz, então para quê esse falso determinismo de somente tecer palavras para conquista corações alheios e inocentes? Não. Eu nunca fiz por segundas intenções. Fiz pelo hobbie, sempre por ele. É aí que sempre residiu o problema: falta de ambição, pouca ganância e poucos resultados. Mas não se pode ter tudo, pequeno gafanhoto.
É a conquista ou a paz – e estou verdadeira e inocentemente bem com o segundo, obrigado.  


16 de agosto de 2013

Conrado, meu amigo



Mudou, e lá vamos nós de novo, mergulhando nesse infinito buraco de espirais conflituosas. Meu ânimo é jogado lá embaixo – ânimo esse que nunca foi lá essas coisas. Talvez a depressão esteja entranhada nos meus genes, talvez, creio eu, tenha se tornado um estado patológico cujo qual nunca quis admitir. Aí está. Depressão da revolta, não da tristeza, se é que isso existe. Aqui estou afundando de novo, aqui estou eu vendo meus planos se esfarelarem por causa de uma errônea decisão que tomei há exatos dois anos. Não. Talvez tenham sido três ou mais. A merda inteira está no fato de que quando coloco algo na cabeça, tenho de cumprir. E cumpro, mesmo com toda a falta de perseverança, pasmem vocês. O problema é que uma única decisão errada vem tendo suas consequências até hoje. Um bastardo talvez tenha contribuído para isso também, mas bastardos não têm culpa por serem bastardos e ele até pode receber o meu amor - talvez. Mas estou divagando. O fato é este: minha vida é uma eterna propagação de merdas. E cá está a minha, uma situação que não pode ser reparada vindo para foder com toda uma meta que consegui arrumar neste ano. Pode ser a simples troca de um turno, mas vai arruinar tudo – assim como a insatisfação com um único curso me fez criar um clima ruim e intolerante a respeito de toda uma Universidade Federal inteira. Jurei que não falaria mais disso, porque, até então, as metas e os planos estavam perfeitamente direcionados e montados. Mas a vida é imprevisivelmente sacana, certo? Então vem um pequeno detalhe e caga uma diarreia gigantesca em mim. Tentei, no último um ano e meio, retirar todo o aprendizado de escolhas erradas, e consegui. Como sempre, por mais reclamão que eu seja, deixo as merdas que ocorreram de lado e filtro somente a experiência que aquilo me trará e de que forma me fará amadurecer. Mas estou levando tapinhas demais desse destino, dessa vida ou desse acaso. Cansa. Não vejo mais sentido, por que isso acontece comigo, caralho? Devo ter sido um nazista pedófilo na vida passada – realmente creio nisso, então é o karma ruim acumulado nessa nova forma de vida que vos fala. É trágico. É deprimente como dou tanta importância aos detalhes, pois são eles que fazem a diferença, e neles que me preocupo. A troca de um turno foi um detalhe, mas para mim... Para mim parece mais, por isso muda tudo.
Bem-vindo a uma nova merda, seu fodido.

15 de agosto de 2013

Para as Damas



Ela me perguntou o porquê, fiquei sem resposta. Já havia oferecido meus argumentos por completo, e como todos os outros – e todas as outras, sobretudo -, julgou-me um bobalhão com um sério problema de baixa auto estima. Porém não saiu do meu lado. Continuou com as perguntas, sobre minhas faltas, minhas ausências, meus sumiços. Aí estava uma coisa da qual eu nunca fugia e também nunca mudava: os sumiços. Que sintam minha falta, ótimo, mas que extraiam disso a maior lição de todas ao aprenderem viver sem mim. Sei que é fácil. Aliás, sei que será extremamente fácil para vocês quando um digno ou indigno rapaz lhes aparecer, jogar o jogo da conquista e lhes pedir em namoro – coisa que nunca faço, nunca vou além... saibam: nunca irei. Quando seus corações estiverem sendo invadidos por novos cavaleiros, e seus status de Facebook se modificando para “em relacionamento sério com O Rapaz Promissor que Me Trouxe Flores no Dia da Conquista e Me Disse Palavras Bonitinhas”, esquecerão de mim. O por quê? Simples: eu fui apenas um amor de internet, apenas o garoto fofinho daquele blog, que é amável, porém odeia a si mesmo – e tem mil razões para tal. Não, antes que deduzam que escrevo este texto com revolta, estão enganadas. Sinto-me feliz quando cada uma encontra um novo rapaz e se apaixona, mergulhando em um relacionamento de verdade, sólido, concreto, vivo, com beijos de verdade e acolhimentos de verdade. Fico feliz por vocês, porque só assim parecem esquecer minha infeliz sombra que outrora tanto as atormentou. Falo no plural, porque refiro-me aqui não somente ao meu amor, mas também àquelas meninas que tanto se encantaram por mim, mas que apenas receberam respostas evasivas e adiamentos de encontros. Falo para todas, embora tenham sido poucas, creio eu. É bom que conheçam o verdadeiro envolvimento de uma relação e esqueçam a minha pessoa, eu não valho a pena, digo isso sempre no início – antes, durante e depois. Aviso dado. E mesmo assim, não me impede de sentir a culpa. Até que então surge um rapaz de verdade e as leva para longe para respirar novas brisas, novas experiências. Como volta e meia vos digo neste blog, nunca estiveram de fato apaixonadas por mim, mas sim por quem pensam que sou; estão – neste atual caso, estiveram – apaixonadas pelas minhas palavras, pelos bons e certinhos textos, pela infame arte de denegrir a mim mesmo.
Então aqui está sua resposta. Faltarei aos encontros, adiarei uma visita. Porque a quero longe de mim. Quero que se mantenha distante para encontrar algo melhor e mais vívido. Não valho a pena, nunca valerei, porque para meu custo ser elevado a alguém, ele terá de ser elevado primeiramente a mim, e isso é pouco provável de acontecer. Portanto, não questione, minha linda. Teremos uma aventura de uma noite, a aventura de uma semana, serei inteiramente seu, mas recuarei. Não por medo de me relacionar, mas por simplesmente ser impróprio e inútil para isso. Encontre na minha falta um alguém melhor que pouco a pouco a fará esquecer de mim.
É isso o que importa, e seja feliz. Sejam todas igualmente felizes.


12 de agosto de 2013

Férias



Eu preciso de férias. logo. Longe de certos ares que me faziam bem. Longe de coisas que me entediam e que, automaticamente, transformam-me num monstro. Mas não sou um, pelo menos não para mim. Para vocês, por outro lado, totalmente. Não que atualmente me importe, porque minha cota expirou e é hora de partir. Férias definitivas. Preciso estar longe e livre, quase que em uma atividade de meditação mental longínqua, liberdade que trás solidão, porém é provida de paz. A consciência não pesa, nada pesa. A solidão volta a ser amiga, companheira inseparável dos textos decadentes e da amargura diária. É uma espécie de paz que está pacífica por completo, ao contrário da paz que todos procuram – volta e meia eu também... Volta e meia. Eu preciso de férias, já, logo. E não acho que consiga me importar como antes me importava. Já disse: vocês me julgariam por monstro, eu julgo isso por amor próprio. Tempo demais dediquei a vida a outros, então recaio no momento que preciso do meu viver de volta, em que preciso colocar-me, na maioria das situações, em primeiro plano. Afinal, é como a construção de um bom personagem: ele não é de todo vilão, porque não existe bem ou mal. Ele tem suas próprias motivações e crenças, e quando acredita nelas, lutará por seus objetivos até o fim. Não trata-se de maldade ou monstruosidade, trata-se, simplesmente, de motivações e metas. Eis as minhas – preciso de férias.

3 de agosto de 2013

Instituição falida



Aprendi com a instituição falida que confiar não é preciso; aprendi que o inimigo mora ao lado, ele dorme logo ali. Não que ele te engane, mas não é confiável, porque tem os aliados errados. Aprendi que é desprovido de escrúpulos e repleto de venenos. Aprendi com essa instituição falida que não deve-se dar o benefício da confiança nem da amizade ou dos privilégios de anos de convivência, porque planos serão tramados por suas costas e chacotas serão feitas ao seu respeito. Dê ouro de bom grado, e receba a mais imunda e ignorante bílis como agradecimento. Veja o caos eclodir, presencie um belo espetáculo feio a partir de drama e máscaras. Ofereça um favor ao verme, torne-o fraternal e verá uma cobra nascer, alimentar-se com sorrisinhos irônicos e deboches escondidos, feche os olhos para a víbora enquanto ela cresce enrolada em seu corpo, omita, omita, omita... Então assista ao grande espetáculo. Ela te abocanha. Te envenena. Você não faz nada, deixa passar. E o veneno te faz cair. É aqui que a instituição fica falida. É aqui que o momento que digo “eu avisei, seus panacas que tanto amo”.
Venho avisando. O relógio corre. A ampulheta se esgota. Mas o veneno corrói. Ele age, ele cega.
Cega, e cega.