29 de maio de 2011

Prefiro tentar ser feio do que ter que aguentar o recalque dos outros



Ultimamente andei pensando e analisando – sim! Eu voltei a fazer isso depois de tanto tempo, acho que o maldito crítico humano-social que antes havia em mim começa a dar o ar de sua graça – as pessoas e o modo como elas agem em ambientes sociais. Digo, andei por aí de novo, olhando o mundo e largando o maldito computador e me misturei à vida real. E o que vi? Resposta: a mesma baboseira de sempre, que merda... Isso não muda, não?
O precesso é simples: as pessoas se preocupam muito em sair por aí sob uma aparência esbelta. Se arrumam; se maqueiam; utilizam das mesmas roupas e das mais perfeitas combinações de look. E isso independe de quaisquer tribos urbanas. E o que mais irrita nessa coisa toda – acreditem, se estou criticando é porque cansei, e porque eu já fui assim há muito pouco tempo atrás – é a futilidade de esbanjar tudo isso.
Os garotos vestem as melhores roupas e passam chapinha na porra de seus cabelos, saem com a merda de um pente no bolso, de 5 em 5 segundos se olham no espelho para conferir a droga do cabelinho de bicha deles. As garotas... Bem, vestem suas sainhas e saem para esbanjar o quão lindas estão para outras garotas, além disso, parecem não pertencer ao nosso mundo, já que sobre seus saltos altos de grifes flutuam e sequer tem coragem de pisar na terra onde humanos de verdade vivem.
Uma parafernália de filhinhos de papai loucos para colocar seus pênis numa vagina descartável e de bom uso; e um bando de fresquinhas medíocres e convencidas repletas com seu fogo de palha ou a mais pura safadeza.
Opa, sentiram-se ofendidos? Vestiram bem a carapuça, hum? Então vão assistir Rebelde, Tv Cultura ou estudar. Fechem esse blog e nunca mais voltem aqui, obrigado.
Continuando, é claro que nem todos chegam a esses níveis sólidos de interpretações, mas, cá entre nós, há uma coisa que devemos compactuar: hoje, as pessoas se vestem para transmitir imagens que somente têm o intuito de glorificar e iluminar suas falsas e sujas reputações. Nos preocupamos mais com o belo do que com o interior, porém, que se dane essa porra de “cultive o caráter” ou abordagens mais profundas e existenciais. O problema é em relação a essse assunto filosófico sobre a existência e ética humana, mas o que irrita de verdade é essa idiotice inteira.
E se for para a sociedade continuar assim... Muito bem, eu prefiro continuar sozinho, me vestir igual a um vagabundo, sair de sandálias, shorts velho e camisa sem atrativo algum. Se o preço para ser alguém popular é voltar ao estado de “mamãe vamos comprar roupinha, sapatinho e camisetinha porque quero ficar bonitinho”, então prefiro caminhar forever alone neste mundo cheio de pragas e vermes – não pensem que também não me enquadro nessa definição, em certos pontos.
Portanto, crianças impuras da minha vida, não digam que meu cabelo está “horroroso” e fora dos padrões, ou que preciso cortá-lo. Não digam que estou usando a mesma camisa pela 16ª vez, ou que tenho a mesma calça jeans há mais de um ano. Não abram suas bocas fétidas para dizer que preciso lavar o tênis, ou que preciso comprar outro. Apenas continuem com a porra de seu consumismo frenético e desgastante; utilizem-se das roupas mais lindas para atrair suas presas ou emanar poder e bom gosto; passem maquiagem; aperfeiçoem os cabelos; façam depilações com cera quente em toda a região genitália, e até mesmo no ânus, se for possível.
Vivam seu mundo superficial e desprezível, porque eu cansei de tudo isso. Cansei dessa beleza consumível. Cansei de vocês, humanos queridos.

27 de maio de 2011

Trapo

10-9-1930

O dia deu em chuvoso.
A manhã, contudo, esteve bastante azul.
O dia deu em chuvoso.
Desde manhã eu estava um pouco triste.

Antecipação! Tristeza? Coisa nenhuma?
Não sei: já ao acordar estava triste.
O dia deu em chuvoso.
Bem sei: a penumbra da chuva é elegante.

Bem sei: o sol oprime, por ser tão ordinário, um ele-
                                                                    gante
Bem sei: susceptível às mudanças de luz não é ele-
                                                                    gante.
Mas quem disse ao sol ou aos outros que eu quero ser
                                                                elegante?
Dêem-me o céu azul e o sol visível,
Névoa, chuvas, escuros - isso tenho eu em mim.

Hoje quero só sossego
Até amaria o lar, desde que não o tivesse
Chego a ter sono de vontade de ter sossego.
Não exageremos!
Tenho efetivamente sono, sem explicação.
O dia deu em chuvoso

Carinhos? Afetos? São memórias...
É preciso ser-se criança para os ter...
Minha madrugada perdida, meu céu azul verdadeiro!
O dia deu em chuvoso.

Boca bonita da filha do caseiro,
Polpa de fruta de um coração por comer...
Quando foi isso? Não sei...
No azul da manhã...

O dia deu em chuvoso.


Poemas de Álvaro de Campos, O eu profundo e os outros EUS, Fernando Pessoa.

22 de maio de 2011

E agora que venha SE- ven -TEMBRO



Olá crianças. Pois é, não é novidade alguma, mas estou triste. Digo, não imensa e mortalmente triste; não como as dores de um amor despedaçado ou a dor de um copo de Coca-Coca derramado. Mas, uma tristeza saudável que vai produzir em mim uma saudade que logo, logo, será sanada. Bem, serão apenas 4 meses de espera, e eu realmente espero estar vivo e saudável respirando até lá, ou que o mundo não termine prematuramente antes disso.
Na última sexta-feira (20) foi ao ar os episódios duplos finalizando a 6ª temporada de Supernatural. E o que devo dizer quanto a isso? Acreditem, a vontade que estou de sair soltando spoilers é imensa, preciso de um psicólogo ou um confidente para despejar tudo o que quero dizer, mas por ora, não é momento mais adequado.
Supernatural acabou, e agora nós fãs – fiéis, e não a porra dos posers que só sabem abrir a boca e se empogarem com Deus/Diabo/Anjos/Demônios, além do medinho fútil que esbanjam por fantasminhas e monstrinhos em geral – teremos estes longos meses de espera. Todos estamos também com esta grandiosa vontade de acabar com o rabinho de Castiel, mas, infelizmente, é meio impossível acabar com Deus de uma hora para a outra assim, certo? Meio que inconveniente. E... ops, acho que acabei de soltar um spoiler. Whatever.


Para iniciar esse post, adianto que eu queimei minha língua legal, mas por sorte, minhas razões não eram tão irrelevantes.
A 6ª temporada iniciou diferente: Eric Kripke pulou para fora do barco, e passou o comando desta incrível navegação a Sera Gamble. Até aí tudo bem, o problema visível era o fato da 5ª temporada ter acabado triunfante, e sem pespectivas plausíveis de continuação, porque sinceramente, se a série terminasse ali, então seria uma super produção finalizada de forma épica e entraria para a história. A coisa foi tão impactante e linda, que das 5 vezes que assisti o último episódio (5x22, “Swan Song”) adimito que realmente chorei no mínimo três vezes. E o porquê disto? Vocês não fazem ideia do que é acompanhar 5 temporadas, em tempo real, roendo as unhas e se remoendo na espera de cada episódio. Semanas de espera, meses, e os malditos hiatus. Além do fato de Supernatural ter sido a série que alavancou meu espírito escritor – sim, graças a Supernatural, este blog existe e este escritor amador e fajuto que vos fala também.
Certo. Como um amigo disse certa vez: “até porque é difícil imaginar uma história depois do apocalipse, afinal, apocalipse é o fim, e não existe nada depois do fim”. Pois é. Os Winchesters então, na belíssima 5ª temporada impediram o apocalipse, aprisionaram Lúcifer – que estava dentro do corpo de Sam – e Miguel juntos na maldita cela. E então, o derrotado irmão mais velho, graças à promessa feito ao mais novo, vai viver uma vida normalzinha ao lado da mina que sempre gostou e bancando uma de pai ao filho dela. E então... BANG, Sam Winchester aparece, os observando durante uma noite escura e normal. Termina a 5ª temporada. E o que nós, fãs de verdade, pensamos quanto a isso? Resposta: CARALHO, COMO O SAM SAIU DE LÁ? O QUE VAI SER DE SUPERNATURAL AGORA? NÃO CONSEGUIMOS ENXERGAR QUALQUER MEIO DE CONTINUAÇÃO PARA A HISTÓRIA! FODEU! VAI CAGAR TUDO.


Foi isso o que pensei, e com Erick Kripke “fora” do seu próprio projeto, concluí que tudo estaria realmente acabado. É como imaginar Clark Kent entregando a capa, os poderes, e toda a sua vida a Peter Parker. Entenderam o dilema? Pois é.
Voltemos à 6ª temporada então. “Exile on the main street” começou com suas mudanças já visíveis. E são detalhes que realmente percebemos de cara. Não vou numerá-los aqui, mas o fato do primeiro episódio não ter me transmitido confiança foi o mais relevante de todos. Em suma, os episódios que se seguiram também me transmitiam a mesma desesperança. Coisas como a falta de uma trilha sonora no início dos episódios; acontecimentos transcorrendo rápido demais; personagens que outrora apareciam com pouca frequência agora dando pontas até demais... Tudo isso retirou a essência que vinha sendo constrúida desde 2005, da qual nós fãs já estávamos acostumados e fascinados.


Inúmeros personagens apareceram mais vezes nesta temporada do que vinha aparecendo nas últimas 5. Rufus Turner, lembram dele? Meu Deus! Algo visível em Supernatural sempre foi a aparição destes personagens em uma temporada, e nunca mais aparecem ou darem o ar de sua graça duas, três ou mais temporadas depois. Não bastando isso, Rufus ainda morreu e um detalhe foi mencionando em sua história com relação ao Bobby: “disque foi ele quem entrou na casa do Bobby e o salvou da própria mulher, quando foi possuída”, digo: isto nunca foi mencionado antes, e de repente jogam este detalhe assim? Foi perceptível demais que forçaram as coisas para construir uma amizade entre eles dois – que nas últimas temporadas mais parecia algo como “somos apenas conhecidos. E só”.
O lance mais importante aqui, neste temporada, foi o simples e maldito fato de o rumo da história não ser definido como nas temporadas anteriores. Supernatural se tornou um pé no saco por isso, eu pensava estar assistindo Lost e essas outras séries que te enchem o saco de tantos mistérios. A série transcorreu assim, abordando um processo contrário: antigamente, o objetivo da história da temporada era relevado nos 3 primeiros episódios, e depois a história era moldada em cima disso. Na 6ª, foi diferente: eles nos jogaram a construção da história, e apenas no final nos revelaram a razão de tudo – mais especificamente em 6x20, “The Man Who Would Be King”.


Por sorte, exatamente neste episódio – não que nos outros não tenha ocorrido, mas neste foi o ápice da ascensão de Supernatural, na minha opinião – as coisas voltaram a esquentar, e eu pudi me animar um pouco mais. Além daqui, se eu comentar, será tudo spoiler e eu não tenho saco para reviews tão grandiosos e louváveis como os da Polly, do http://www.supernaturalislife.com/.
Terminando por ora, devo dizer que gostei do último episódio – claro, nosso saudoso Erick Kripe quem escreveu -, alavancou um rumo muito bom para a 7ª temporada, além do ódio que estou de Castiel, aquele maldito filho da puta. Como fã, é claro que desejo a continuação – infinita – da série, mas ainda assim não abandono a ideia de que seria bem mais admirável ela ter encerrado na 5ª temporada.


Agora é esperar Setembro, e como diria Billy Joe Amstrong: WAKE ME UP WHEN SEPTEMBER ENDS, mas nesse caso, quando Setembro começar mesmo. Até lá, fãs de Supernatural, e vivamos nossas vidas de forma boa e saudável até o mesmo 09.
Passem bem!    

21 de maio de 2011

Condenação




            É sistemático, tem um padrão. Nos arrasta, nos confina, sugando cada partícula do que os crentes chamam de "alma". Crentes ou não, céticos ou não, há um ponto que todos concordam: algo realmente existe para nos sugar a essência, seja ela figurativa ou literal. Confinados, selados, cegando-nos as milhares de córneas, aprisionando-os os pulsos e nos tratando como animais. Animais. Há quem discorde, há quem dê seus tostões por tal afirmação, mas no fim de tudo, não passamos de animais egoístas que por conta de um pouquinho de inteligência alcançamos os limites máximos da arrogância. Primitivos, incoerentes, cheios de si e violentos. Animais inteligentes, tão astutos e audazes que movem o mundo e esmagam os inferiores pelos próprios objetivos. Mentirosos e sedutores. Gananciosos e maldosos. 
            Por que chegamos a este ponto? Por algo que chamamos de liberdade. E para aqueles céticos que aqui foram citados no início, não há barreiras para o inalcançável. Porque, simplesmente, quando o ser humano não acredita, ele não será acolhido por medos ou temores, sua fé - que nunca existiu - não construirá a imagem de seres sagrados e superiores, ele não temerá nada e nem ninguém. Não haverá destino, ira divina ou qualquer coisa que o faça parar. Ele seguirá seu próprio caminho, fará suas leis e crenças. Mas, em algum ponto do caminho à frente, ele olhará para trás e verá o custo de tudo isso.
           Ele ainda estará sozinho. Será desprezado e incompreendido. E suas convicções o aterrorizarão com uma ideia cientificista e iminente: no fim, tudo terminará de baixo da terra. 

E o fundo do poço sempre me chama um pouco mais...



 ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­Existia um garoto que desejava algo para alcançar o estrelato e o reconhecimento, mas não o tipo de fama que as celebridades almejam, e sim algo bem mais profundo e intimista. Certo. Ele planejou algumas coisas, não esteve sozinho nessa - e ainda não está - e as coisas fluíram bem. Ele - e mais seu parceiro - conseguiram, falando de forma bastante modesta, o que tanto planejaram em um certo dia. No entanto, aquele mesmo garoto cagou tudo. Tornou o projeto em algo decadente e pecaminoso no âmbito espiritual e moral das coisas. Quero dizer, ninguém pode notar isso, mas é o que o garoto realmente acha das ações que o trouxeram às tais consequências.
­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­Beleza, replay: As coisas não vão mudar, e que se dane os puritanos que sentem-se ofendidos. Tudo depende de um clique, de uma decisão, de um pensamento e de palavras. Desde que estas pessoas decidem suas vidas, merecem o conhecimento de que nem tudo irá agradar aos seus bastardos corações cheios e recorrentes de cadaverina - e como isso fede, bando de chorumes!
 ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ Finalizando, agradeço aos bons amigos fiéis e compreensíveis que continuam acessando este blog repleto de lamentações e dores poéticas. É, eu sei, é uma droga maldita e desprezível, e por essa razão agradeço por volta e meia ainda visitarem esta humilde Taverna. 
 ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ Passem bem, e tenham um feliz Natal.

19 de maio de 2011

Você nunca está voltando para casa


­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­Nem em meus sonhos, nem nos conselhos alheios. E agora eu recordo todas as vezes em que o tempo se mostrou passivo, quando ele me espreitou e se divertiu da ilusão da qual eu caía. Palavras, palavras e palavras. As poucos que foram ditas, e as muitas que nunca me foram destinadas. E embora minhas promessas fossem calorosas, elas não estão mais durando pelo fio da vida, nem pela tecelagem do tempo. E m todas as complicações que existem aqui, há uma que se sobrepõe a todos os sentimentos humanos mais dolorosos, ela é a imagem que não posso deixar escapar, é o sussurro que não deixo de ouvir, eu não posso esquecê-la. No entanto, eu caio no chão e me vejo na lama, percebo que não há este alguém para me levantar, não há mão amiga suficiente para me retirar da dor, e eu não consigo levantar só. Ou talvez eu não queira. Aqui, neste instante, tudo termina e o véu da clareza me afaga as conclusões: nunca realmente esteve ali ao lado, mas flutuando por outros ares. Voando para longe, morrendo e não vivendo entre meus braços, apenas servindo de consolo e segunda opção, sempre me ocultando dos brilhos do mundo. Não havia solidão aí, existia apenas a ilusão aqui. 
­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­ ­E eu me pergunto, no fim de toda essa batalha: quem foi o fantasma? Aquela existência que acabou caindo ao descobrir tudo? Ou a outra que nunca esteve realmente presente?  

15 de maio de 2011

Viver se tornou incrível, nos levantamos e vamos.

­

 ­ ­ ­ ­ É preciso caminhar, e seguir em frente. Chutar os moribundos, usar o inseticida, exterminar os vermes. É preciso fazer algo, mas não o habitual, tampouco o esperado, mas sim virar o jogo, ter uma carta na manga no longo casaco vermelho, usar o trunfo. Triunfar. É preciso obter a vitória, pisando, dilacerando, matando, lutando. A qualquer custo, mas com aqueles que merecem, os quais povoam nosso solo trazendo pragas e tristezas, que infligem a inocência e destroem as bolsas de sangue pulsantes. Os mentirosos falsários, os bajuladores fétidos, os impuros profanos, os moralistas destruidores. Seguiremos em frente por eles, para destruí-los com nossa força purificadora, salvando o mundo, protegendo as crianças, impedindo o suicídio. E dando-lhes, nesta noite, o direito de salvação. A nossa proclamação.

13 de maio de 2011

Libertação Utópica



Nós iremos sorrir enquanto morremos
E vamos celebrar o fim de todas as coisas
Com champagne barato
(Drowning Lessons, My Chemical Romance)

Vomitar. Não o resíduo orgânico que excedeu dentro do meu corpo, mas toda o peso que vem sendo depositado durante os últimos, mais recentes, e curtos anos da minha existência. Se trata de toda essa coisa empilhada numa montanha saturada, com todos seus gases sentimentais querendo explodir com as barreiras que a impedem de se libertar. Porque não há mais vávula de escape, as poucas que haviam foram tapadas, ou destruídas, e se ainda houver uma ou duas, são insuficientes para a liberação de toda essa pressão.
Ainda existe a dor, e me parece nitidamente que ela não cessa. Continua se acumulando, e quem a causa – inúmeros indivíduos – ainda continua neste eterno jogo de caçoar da minha insaturação. Elas fingem, elas mentem, elas debocham e gargalham com seus dentes podres e desprovidos de sinceridade. Com estes seres que se julgam “próximos a mim” há toda uma complexa e fútil arte de menosprezar as próprias sujeiras para brincar com meus fracassos. Eu poderia esganar alguns, e revidar com outros. Entretanto, surge algo que que me sobe o corpo, dilacera minh’alma com milhares de fatias minúsculas e esfolantes de gilete. Sou instantaneamente impedido de qualquer ato, pois a características dos bons e dos covardes aqui impera neste crucial e importuno momento.
Este ser aqui foi enganado, e por vezes ainda continua no chão encolhido, sofrendo com todos os chutes morais e preconceituosos daqueles que se julgam “colegas ou amigos”. A dor que governa meus prantos não é algo instântaneo e recente, como um velho deus, espírito perturbardo ou a própria história dramática de nossa raça, ela dura há tanto tempo que chega a ser impossível datar sua ascendência em mim.
Dói. Dói e continua doendo.
O grande dilema que me remonta aqui não é a possibilidade de sair desta dor – pois já me parece um caminho sem volta, uma escolha sem retardo ou uma trilha já pré-definida – sumir, mas o momento em que ela se tornará mais forte que o orgulho de me manter vivo. Quando a dor se elevar ao orgulho, quando a fé em mim mesmo for perdida, quando não houver mais causas para lutar... Aí, eu me pergunto: vale a pena continuar?
Partindo para um mundo árcade; migrando para o vale dos guerreiros ou caindo no abismo dos covarde suicídas. Eis aqui o meu fim supremo, e se ele será envolto em glórias, em dores ou mais críticas, isto eu não sei. Mas a imagem de conforto que me acolhe já é a mesma ultimamente, e talvez o meu destino ou minhas próprias decisões estejam impreterivelmente voltadas a uma única convergência fatídica.
Quando vou partir? Quando estarei no mundo que sempre sonhei, onde existem apenas eu e minhas bobas utopias? Trilhando o atalho para a lua, no mar de livros e no fresco cheiro progressivo de páginas em mofo. Sentado sob uma cerejeira morta, sem vida e ressecada. Longe destes falsários amores, distante dos mascarados amigos; dando adeus às verdadeiras amizades, que se mostraram dignas demais à minha simples e decante vida. Estarei enfim partindo, certo de que tudo o que deveria ter sido feito, de fato foi feito por mim. Vivendo na minha dimensão, esperando a mulher de cabelos longos e num vestido branco que jamais me acolherá; rezando pelo sucesso simplório que sempre sonhei, e que jamais terei.
Aonde isso dará? Onde este mundo está? Eis a questão. A questão que em breve, tão breve, descobrirei.  

Ainda tenho 7 meses para decidir o que fazer com esse acúmulo de problemas. Portanto, relaxem... Ou não.

5 de maio de 2011

Soprando no tempo


O jovem rapaz sentou-se no banco da praça. Havia um idoso ali. Ele lia o jornal, mas a data do mesmo era de semanas atrás, e a matéria se mostrava irrelevante. O rapaz era sábio demais para notar que mesmo aquela coisa realmente não seria importante para alguém. Era apenas um anúncio de canetas. Apenas isso.
Outra coisa intrigante era a atenção que o idoso mostrava ao nada: parecia ler e ao mesmo tempo não. Não estava de fato em lugar nenhum. O rapaz sentiu pena, talvez fosse este o fim dos homens que um dia tiveram uma enorme vida: esquecimento e insensatez.
Subitamente, o idoso moveu o pescoço e fixou os olhos no garoto. Entre a dentição perfeita e a ausência de vida estampada nos olhos, ele sorriu e disse:
- Veja você. O que faz aqui?
O rapaz não entendeu, manteve-se calado.
- Diga, filho. O que você faz aqui?
O rapaz deu uma olhada em volta: não havia ninguém naquele lugar. Apenas os dois pintavam o quadro morto da praça, como dois riscos fortes de ânimo em meio à depressão. Ou seria o contrário?
Sem a menor duvida, ele pensou que o idoso já estivesse sofrendo de um forte grau de loucura. A idade causava isso. Ele sentiu pena, mas não podia fazer nada.
- Não, eu não estou louco. – Insistiu o idoso.
- O quê?
- É o você está pensando, filho.
- Não!
- Sim.
- Como...?
O idoso riu novamente e voltou a contemplar o desprezível anúncio de canetas. Soltou um pesado suspiro e assumiu uma postura derrotada:
- Você se pergunta – ele começou a falar, pegando o rapaz de surpresa e o confundindo mais ainda – as razões que trouxeram um velho homem aqui, neste lugar, lendo esta coisa e flutuando nas próprias loucuras desgastadas. E então eu retruco: quais os motivos que um garoto jovem e livre como você tem de sentar-se neste lugar morto e sem vida?
O rapaz arregalou os olhos.
O velho continuou:
- E se você pudesse voltar ao passado, e conversar com você mesmo?
- Eu...
- É o que eu estou fazendo agora. E o que você fará daqui a anos. Quando perceber que se transformou num fantasma que apenas vaga por obrigação. Relembrará a época em que estava vivo e permitiu que a própria morte lhe batesse a porta. Não permita que isto aconteça, filho. Sei que você está morrendo, sei que você não deseja viver tanto quanto parece.
E sem mais uma palavra de ambos os lados, o velho homem levantou-se, dando as costas ao garoto e deixando-o – visivelmente – abalado por todas aquelas palavras. O velho pôde sorrir uma vez mais, e julgou muito bom ter visto a si mesmo numa época distante. Revivia as lembranças de sua adolescência, quando, cansado de todos os fracassos da pouca idade, caminhou pela cidade à procura de um sentido para a própria existência, e se deparou com um velho que lia um encarte de jornal sem importância.
A vida era interessante, pensou consigo mesmo. E regida pelo destino, o velho sabia: aquele garoto não ouviria o conselho, já que mesmo tão jovem, sua alma já estava moribunda e abandonada.
Morta.  


Seja lá o que isso tenha significado a vocês... Reflitam, eu acho.

3 de maio de 2011

Peças desnecessários


É, exatamente isto: nenhum ser humano na face desta mísera Terra precisa de sua pequena existência neste momento. Como um grão de areia num deserto, você é apenas parte de um conjunto maior, e por hoje, apenas nestas 24 horas que transcorrerão, absolutamente ninguém vai precisar de você.  Você não está desempenhando uma função maior ou conjunta agora, não estará contribuindo na vida de terceiros, tampouco no rumo de acontecimentos que, daqui a anos, se denominarão “históricos”.
Você não é importante hoje, para ninguém ou para alguma coisa. O que não significa dizer que você seja inútil de um modo geral, pelo contrário. Esta é apenas uma parte de nossas vidas, onde não faremos a menor diferença por alguns instantes. É uma condição intrínseca à nossa existência, homens e mulheres, que, hoje, não serão importantes. Mas, há sempre um amanhã. Haverá, todos os dias, um novo nascer do Sol, e embora ele o tenha sido desnecessário para você ontem, hoje ele se mostrará com um brilho diferenciado. Porque, hoje, você precisou dele para acordar num novo dia e perceber que o ontem passou e que sua importância, neste exato momento, será apreciada por outras pessoas.
Somos assim: desnecessários à noite, e requisitados de dia. É apenas a vida, e como tal, ela te apresentará várias facetas e diversas jogadas, cabe somente a você criar a próxima jogada: preparar os peões; as torres; os bispos; ter o auxílio dos cavalos; proteger o rei – conservar a ideia de que haverá um novo nascer do dia e que a esperança ainda existe – e, por fim, guiar a rainha – nossas vidas – com sabedoria.
Preparar o jogo.... Cheque: dessa vez, teremos alguma importância.

2 de maio de 2011

Disco arranhado



Inicialmente, devo enfatizar que isso não é uma generalização, portanto, não caracterizo todas as pessoas com tais qualidades.
Todos nós já estamos cansados de todas essas fatídicas notícias que nos bombardeiam todos os dias. Crimes em geral, envolvendo crianças, idosos, pessoas inocentes, massacrando vidas e ceifando a felicidade de famílias inteiras, círculos de amigos ou – nos casos bem mais graves – até mesmo países inteiros. Saindo desse ambiente catastrófico, e tomando os mais “habituais” e corriqueiros que ninguém toma conhecimento, vemos os diversos problemas familiares e conjugais que não diferente do primeiro, trás não tragédias, mas algo bem pior – a meu ver – do que elas: a tristeza prolongada e mágoas que não poderão sarar, tampouco ser perdoadas.
Direciono essa discussão não aos problemas em si, mas o fato de algumas pessoas terem sofrido tais problemas bem antes, muitas vezes no ambiente familiar ou escolar, e, após atingirem a idade adulta e constituir uma família, vir a repetir os mesmos erros que seus pais, amigos ou parentes cometeram com eles. É a tal característica que nós seres humanos temos de, ao invés de combater tudo aquilo que nos trouxe tristeza, repetirmos tais atitudes com nossos semelhantes.
Sim. Somos como discos arranhados: travamos em algum trecho de nossas vidas, e sem a menor tentativa de superá-los, damos um “ctrl v” e seguimos em frente, sem ao menos percebermos ou, quando isso acontece, fingimos que não vemos e não tentamos consertar o erro. Isso é grave, muito grave, e os “corriqueiros problemas” que nos acometaram no passado voltam a se repetir com nossos filhos, netos, parentes, amigos ou desconhecidos – já que é óbvia aquela ideia clichê de “respeito ao próximo”.
E como uma bola de neve, o problema não é sanado, como deveria ser o fato certo a ocorrer. Os erros se repetem, e conforme o tempo transgride, eles ganham força e velocidade, tomando imensidões tão alarmantes que suas consequências divergem em direções esporádicas. Os problemas resultantes desses erros tendem a “espirrar” para todos os lados, e novamente, atingirão outras pessoas que poderão ou não repetí-los num futuro próximo. Percebem o quanto o problema é grave?
Tomemos como exemplo o massacre em Realengo. Esta semana li um texto fantástico que apontava como verdadeiro culpado não o assassino “psicopata” que cometeu o crime, mas sim todas as pessoas – amigos, profissionais, familiares – que passaram pela vida dele e não deram a devida atenção ao fato dele ser esquizofrênico, aos profissionais que não perceberam ou não se interessaram com todas as provocações que ele sofria e, principalmente, a todos os colegas que aplicaram o chamado “bullying” ao garoto. Tais pessoas que não deram as devidas atenções e tratamentos, hoje, apenas o criticam por sempre ter sido “um garoto estranho” e ter feito tal ato, e em nenhum momento olham para trás na intenção de enxergar sua – grande – parcela de culpa no imenso problema que se acumulou durante anos e culminou no trágico ocorrido. Como apenas um garoto, ele guardou a tristeza por tanto tempo, e sim, pôde muito bem ter perdido a racionalidade por conta disto.
O problema então, não termina aí. Olhemos para as vítimas do massacre. E se por ventura, por conta do desinteresse de alguma das partes envolvidas, alguma criança deixar de ter o acompanhamento psicológico adequado? O que ocorrerá com tal criança e em que adulto ela vai se tornar? Quantas vidas ela afetará em seu caminho e, essas vidas, afetarão quantas mais?
Por isso devemos dar mais atenção às pessoas ao nosso lado, ajudá-las com seus problemas e aprender com eles, para que também possamos aprender e corrigir os nossos. Como quando mães e pais se mostram ausentes, há uma grande possibilidade de seus filhos se tornaram pais e mães ausente também, mesmo que isto se desenvolva a partir de um ponto inconsciente e desproposital.
Portanto, crianças, não devemos deixar que tal condição humana se construa com os anos dentro de nós. Precisamos abandonar os riscos ou arranhões que há em nossas vidas, e torná-los moldes de como alcançar as atitudes certas. Como discos arranhados, não permitamos que tais imperfeiçõess se perpetuem por várias gerações, vamos aprender com elas para sermos pessoas melhores, e construirmos uma geração ainda mais exemplar e ideal.
Tal atitude e tal feito são possiveis, só precisamos largar a “conscientização” e partir, de fato, para as ações. Lembrem-se, como diz aquele famoso provérbio africano: “Quando começar a rezar, mexa seus pés”. Portanto, basta agir e resolver nossos próprios problemas, sermos diferentes e – aqui vão as palavras de alguém que realmente vive tal situação – não darmos aos nossos filhos o tratamento que nossos pais ausentes nos deram.
E... Enfim, sejam diferentes. Passem bem.

1 de maio de 2011

Arrependimento e um alguém desencantado.


(E lá vai um desabafo. Sugiro que não percam seu tempo lendo essa merda...)

É meu último ano nesse cabaré, e por essa razão, hoje – dia 01 de Maio de 2011 – andei pensando em umas coisas que irão me assombrar para o resto da vida. Eu tenho certeza disso.
As palavras não estão vindo tão bem quanto eu achei que poderiam, talvez haja um bloqueio mental que esteja dizendo “não siga em frente para não sofrer”, mas eu vou tentar, porque o que vou falar, embora seja voltado para uma única área da minha vida, pode ser usada na vida de qualquer pessoa. Portanto, antes de seguir em frente nesse texto, darei uma dica a todos – mesmo não tendo moral para dá-la, por favor, aceitem isso -, e espero que a sigam com toda a força de vontade possível: VIVA TUDO O QUE TIVER QUE VIVER, SEM MEDOS, SEM HESITAÇÕES. APENAS VIVA.
Como eu disse antes, este é meu último ano no colégio, e vendo as coisas que passaram, cheguei a uma profunda e imensa tristeza por perceber o quanto estes últimos 3 anos da minha vida foram jogados fora, porque simplesmente eu nada mais fiz que pensar e sonhar, e sequer dei um passo em frente para tentar realizar alguma coisa. Eu não fiz nada, e, agora que estou mais maduro – comparado ao Felipe de 3 anos atrás -, percebo que o argumento que eu usava naquela época até parecia forte, mas com o tempo perdeu seu valor e sua essência: “quero que tudo isso termine, para mim tanto faz. Não me importo”.
Bem, argumento errado, alternativa equivocada. Por conta do meu conformismo, eu tentei me convencer de que aquelas palavras seriam meu estilo de vida, e que no final, quanto tudo estivesse terminado, eu diria a mim “até que enfim isso terminou”. É, eu ainda quero que as coisas possam ser assim, mas, a quem eu quero enganar? O fato de estar terminando me deixa triste e  completamente arrependido. Eu não fiz nada. Todo o tempo que eu tive, todas as oportunidades e toda a alegria dessa idade, eu simplesmente deixei passar.
E isso é o que mais me dói. Olho para trás, e já não posso contabilizar quantos “não” eu sai por aí dizendo sem ao menos pensar duas vezes. Quantas vezes eu preferi ficar em casa a sair por aí, e me divertir? Quantas e quantas vezes olhei os obstáculos e resolvi não encarar? Eu fui um covarde nesse tempo todo, me rendi ao medo e à possibilidade de uma falsa reputação. Me importei bastante com “o que vão pensar de mim? O que ela vai pensar de mim?”, e, pensando dessa forma mesquinha e covarde, eu deixei de viver por tantas vezes e deixei escapar por entre minhas mãos tantas e tantas pessoas que realmente poderiam ter mudado minha vida e/ou me construido como um cara mais corajoso e auto confiante.
Mas, a minha vida foi uma tragédia. Eu nada fiz, eu nada decidi. Eu simplesmente recuei e me entreguei ao medo, não ignorei as sensações desestimuladoras e não segui em frente. Eu não me enfiei no meio das pessoas, não me joguei em rodas de amigos e não ampliei meu leque de conhecidos, eu tive medo, eu fui – mais que tudo – tímido. Resolvi então ficar sozinho, recuei e me afastei de muitas pessoas. Fui mal visto, fui então criticado e erroneamente interpretado. Por conta de todas essas classificações alheias, eu recuei ainda mais, então passei a viver no meu próprio mundo.
Eu não me encaixei. Não procurei aprender as coisas, ao invés de eliminar minhas dificuldades, eu apenas as fortaleci. Por exemplo: se eu não sabia dançar, não procurava aprender, apenas dizia “eu não sei, não sei e ponto final”.  E por conta de atitudes assim – foi como agi para com as outras milhares de coisas – minha vida apenas passou, e eu apenas vivi por viver, esperando algo cair do céu bem diante dos meus olhos. Bem... nada caiu do céu, e eu continuei vivendo por obrigação. Me prendi aos meus sonhos, esperando que eles poderiam me acolher, porém sequer lembrei que para se tornarem realidade, eles precisavam de um empurrão mais forte dado por mim. E adivinhem? Eu não dei esse empurrão. Meus sonhos empacaram no meio da estrada e continuam lá, atolados e ainda mais crescentes, esperando que eu faça alguma coisa para tocá-los em frente.
E novamente eu nada fiz, e nada venho fazendo para isso. Esta “falta de atitudes” tornou-se tão grave a ponto de chegar mais longe: até minha própria saúde foi afetada. Hoje, vivo com várias limitações por conta do fator saúde – ou melhor, falta de saúde. As pessoas olham para mim e fazem brincadeirinhas, e não sabem que eu apenas sou assim porque tenho uma doença idiota e simples que me limitou a muitas coisas. Por favor, entendam o que quero dizer: não ponho a culpa na doença, porque existem diversas pessoas que vivem vidas completamente normais mesmo sendo portadoras dela. A culpa aqui, mais uma vez, é minha, que agravei o quadro de tal doença e o único prejudicado fui eu mesmo. Afinal, se eu tivesse feito algo, as tantas limitações não fariam parte da minha – maldita – vida. As pessoas não sabem, elas continuam brincando e eu continuo sofrendo por esse peso na consciência: poderia ter feito as coisas da forma certa, mas não fiz, esqueci de tocar minha vida. EU NÃO FIZ NADA.
E agora o tempo está acabando. Esse é meu último ano e eu continuei sendo um maldito fracassado deslocado que apenas sabe escrever, e nada mais. Mas esse “dom” não vai melhorar minha vida, tampouco trazer de volta o tempo perdido ou a pessoa que eu sempre quis ser, e os atos que eu sempre quis ter vivido. Olho em volta e vejo pessoas da minha idade fazendo aquilo que tanto quero. Então eu chego em casa e olho no espelho. Querem saber? Bem, isto é um desabafo, e lá vai outro: eu não gosto do que vejo, tanto externa como internamente. Não tenho orgulho do que há aqui, de quem sou e do que faço – ah, quase esqueci... eu não faço nada.
Sou mais um daqueles adolescentes fracassados que poderiam muito bem aparecer na página policial do jornal, vítimas de suicídio. Sim. A morte pode ser uma saída, e não tenho medo de admitir: eu realmente penso que ela pode ser minha única solução. Não vou chegar tão longe e dizer que sou um “nada”, porque sei o quanto existem pessoas que me amam e que se desesperariam sem minha presença. E como estou sendo realista nesse texto, não falo de garotas que me amam – haha, duvido muito que algo assim de fato exista – mas, falo principalmente de família e de amigos. Acreditem, posso assumir aqui um atitude extremamente egoísta ao pensar em suicídio, mas em contra partida, elimito tal possibilidade exatamente por não querer imaginar ou sentir – esteja eu no céu, inferno ou apenas no fundo da terra – a dor daqueles que me amam e que me viram crescer, e que sequer fazem ideia de tudo o que estou contando agora.
Minha vida é um caos. Eu não aproveitei, eu não fiquei com tantas meninas e eu não tenho atrativo algum. Sou apenas aquele “garotinho nerd” que todos veem no colégio; apenas o filho exemplar e aparentemente estudioso que os parentes acham; sou apenas o filho estúpido, ignorante e arrogante que a mãe sempre insiste em frisar e jogar na cara; sou apenas aquela típico adolescente que vocês caçoarão e chamarão de “emo”.
Então, acreditem: talvez eu esteja pensando que é tarde demais, mas, analisando pelo lado de saúde e acadêmico, realmente é. Não há mais tempo, minha vida foi tomada por uma sucessão de fracassos e recuos. Minha vida hoje, é tomada apenas de um sentimento: arrependimento.
Eu poderia ter sido outra pessoa. Não outra totalmente diferente, mas queria ter somente aquilo que eu não aproveitei e joguei fora. Me pergunto o que seria de mim caso não tivesse sido tão covarde e teimoso. Eu não quero tudo, quero apenas aquilo que me faria ser diferente deste grande fracasso que vos escreve hoje.
Portanto, tudo o que desejo lhes repassar com isso é: não façam como eu, não vivam de arrependimentos massacrantes e irreversíveis. Eu sou um alguém profundamente desgostoso com a vida, triste e amargurado. Vivo através de momentos de felicidade - que logo passam - e não de um estado supremo e permanente dela. E mesmo assim, isso não me basta, não é o suficiente para sumir com tudo aquilo que eu deveria ter feito, ou agido. Portanto, vivam intensamente, da forma mais correta possível, não hesitem em fazer aquilo que é certo, tanto na saúde corporal, mental e espiritual. Façam a vida valer a pena, e não cultivem este arrependimento.
E é. Isso foi só um desabafo.
Critiquem. Entendam. Repudiem. Caçoem. Tanto faz, é tarde pra tudo mesmo, e eu já não me importo de qualquer forma.