29 de dezembro de 2011

Os 10 melhores textos de 2011


Feliz ano novo! Bem, eu tinha preparado esse post e outro texto para o blog, mas resolvi postar só esse aqui. Motivos? O outro texto ficou muito bom, mas nele eu dizia verdades que algumas pessoas não precisam ou não estão preparadas para ouvir, uma delas sou eu. Por isso, vou ficar nesse post mesmo e desejar desde já um feliz ano novo para todos que freqüentam ou freqüentaram este mísero blog em 2011.
 Seleção feita por mim e somente por mim, sob a ajuda de nenhum ajudante ou auxiliar rs. Desfrutem meus 10 melhores textos de freak 2O11. Sei que não sou importante nem famoso para fazer uma coletânea dessas. Também sei que não chega a 10 o número de leitores assíduos desse blog, mas enfim, err... Não vamos tocar nesse assunto.

10º lugar: “Neste momento somos peças”.
Nota: me surpreende o fato de eu já ter sido esperançoso esse ano. É como ler o texto de outra pessoa ou ver através de uma janela um outro lado de mim. É tenso e hilário.

9º lugar: “Paro neste segundo...”.
Nota: Eu tava... Hm, digamos, emocionalmente meloso e percebi isso. Nesse texto notei o quanto tinha decaído e me transformado num ser menos crítico. Viva El amor!

8º lugar: “Um segundo”.
Nota: Alguns dias após o início da minha decadência. Ela perdura até hoje, pasmem vocês.

7º lugar: “Devaneio”.
Nota: Foi o mais aclamado pelo “público” e reblogado até no tumblr. Por isso é um dos quais não esqueço.

6º lugar: “Hoje só por hoje”.
Nota: a condição desse texto se prolongou não apenas por um dia, mas para semanas, meses e tá durando até o exato momento. Ah, e foi poeticamente lindo rs.

5º lugar: “Senhor, a proteja agora”.
Nota: Escrevi no desespero de imaginar a perda de alguém. Essa pessoa me aproximou de Deus. Nada mais a declarar J

4º Lugar: “Românticos são patéticos?”.
Nota: Égua do texto firme *-*

3º lugar: “O ‘Fim’ que se tornou meu começo, o álbum que mudou minha vida”.
Nota: 3º lugar com gosto de primeiro. É eterno... Não tem como descrever.

2º lugar: “Estudos, vestibular e um pouco de sonhos”.
Nota: Merece essa colocação porque o sentimento desse texto foi um que me acompanhou durante todo esse ano. Ao lado de amigos, colegas, professores, coordenadores e familiares. Eu poderia escrever mais sobre, mas agora falando apenas da vitória. Texto realmente especial.

1º lugar: “O que você é?”.
Nota: Bem... Eu chorei escrevendo esse texto. Não foram lágrimas de tristeza, mas de felicidade. Felicidade por sentir o mais incrível sentimento que um homem – nesse caso, um moleque – poderia sentir. É a mais forte e boa memória que vou ter desse ano, embora tenha durado muito pouco. Enfim, é isso. É, é isso.

20 de dezembro de 2011

Até o fim


A situação é esta: eu estou morrendo aos poucos. Literalmente falando, em termos de saúde.
Não que seja algo irreversível, muito pelo contrário. Mas eu venho cavando minha cova desde os 7 anos de idade – e digamos que nos últimos 5 eu acelerei o ritmo. Tenho total culpa nisso, porque eu nunca tive força de vontade para me cuidar. Já tive várias crises ao longo da vida, e nelas, eu quase morri. Lembro dos 12 anos, quando apaguei por uns dois dias. Ou então quando fiquei 4 meses deitado numa cama sem poder andar, sofrendo de dores com uma doença chamada Neuropatia diabética... Pois é, gente. Sou diabético, como doces adoidado por aí. Sabem por que? Porque simplesmente cansei dessa vida de limitações a qual me foi atribuída. Deixando de lado isso, essa é a história.
Também é a justificativa por eu ser esse baixinho magricela que escutou piadinhas e brincadeiras escrotas ao longo de 3 anos no colégio. Essa doença é a razão por eu não ter evoluído fisiologicamente. Essa é a razão para a minha vergonha, essa – ENFIM EU TÔ REVELANDO – é a minha fatídica maldição e carma ruim. E... bem, meu antigo médico – que abandonei, porque, cá entre nós, odeio ir em médicos – já tinha me revelado que “talvez você não chegue nos 20, 25 anos se continuar neste ritmo”, e ele me revelou isso aos 13 anos. Ou seja, minha derradeira estrada está se aproximando. Meus pais também já estão cientes. “A próxima crise que o Felipe tiver, vai ser pra morrer” revelou o papai haha.
E eu to me entregando porque é tarde demais para mudar as conseqüências. Tarde demais pra deixar de ser um baixinho magricela fracassado e frustrado; tarde demais para ser bonito por fora – e ultimamente to cagando para esses papos de “beleza interior e bláblá”. Tarde demais pra muita coisa. E digo que grande parte desse meu ponto de vista foi moldado no último ano do ensino médio, onde as pessoas e falsos amigos adoraram tirar com a minha cara sem ao menos conhecer minha vida. Parabéns, galera! Agradeço por esse eterno e sequelado presente.
Por isso, eu vou continuar a minha maldita vida desregrada e inconseqüente. Não importa quando meus rins vão parar ou quando eu vou ficar cego; to dando a mínima se um dia eu vou me ferir e consequentemente ter de amputar um pé, perna, mão ou braço. Na realidade, e infelizmente, tudo o que eu conto é o tempo de ir embora, porque nada de muito bom aconteceu durante minha vida e, quando aconteceu, foi rápido demais pra eu saber que era realidade.
Então é isso: eu não vou cortar os pulsos, enrolar uma corda no pescoço, tomar pílulas ou puxar o gatilho contra a cabeça. Eu não vou me matar diretamente, embora vontade não falte – só resta a coragem mesmo. Eu vou me matar aos pouquinhos e esperar a próxima crise diabética para só então... CATACUMBA! Contemplar o outro lado da vida, se isso realmente for verdade.

6 de dezembro de 2011

Abra a "felicidade".


Cansei. Esse papo de que sou o “neto exemplar” e “adolescente que nunca deu trabalho” não vem me convencendo. Essa história de que não devo ligar sobre como pareço, já que sou “um menino inteligente, estudioso e com um bom futuro”. As pessoas andam dizendo por aí que dou orgulho, só porque passei em um vestibular. Se vangloriam e me glorificam porque eu sou um pouco “nerd” e sei muitas coisas. Estão dizendo por aí que sou sensível e tenho personalidade, que não sou apenas mais um garoto comum como todos os outros; falam que o modo como eu penso, as coisas que faço e escrevo, tornam-me alguém especial e de valor grandioso. Estão me dizendo, em suma, que não importam os outros fatores, pois ter personalidade e “cabeça” é tudo o que realmente importa.
Mas aqui vai minha opinião: de uns tempos pra cá, estou enxergando toda essa merda como mais uma simples balela. As coisas que realmente eu quero – na verdade, queria, pois a essa altura já é impossível alcançá-las – não estou vindo até mim, tampouco consegui conquistá-las depois de certo esforço. Percebo que, por aí, os mais espertos e bem sucedidos são justamente aqueles que “não tem uma personalidade forte ou cabeça”. Em outras palavras e simplificando tudo: as pessoas fúteis levam toda a vantagem. Mas, espera! Talvez eles não sejam fúteis. Talvez nós sejamos. Nós, que nos julgamos inteligentes e superiores intelectualmente; nós, que enchemos o peito de ar para dizer: EU SEI LER, SEI ESCREVER, SOU QUASE UM POETA E CONHEÇO MAIS DO QUE VOCÊ; nós, que tanto subjugamos as demais pessoas sem ao menos conhecê-las... Sim, nós realmente somos os verdadeiros fúteis.
Porque aquele cara lá da esquina, com 23 anos, cursando – ainda – o segundo ano do ensino médio, amante de tecno-brega, comelão safado e cafajeste, desconhecedor dos grandes poetas e escritores... Talvez este cara só tenha sucesso em vários ramos de sua vida porque detém um coração bom. Porque homem nenhum é maior que o outro, seja ele um poço de burrice ou uma fortuna de inteligência e “personalidade”.  É graças a este pensamento que hoje estou cada vez mais passivo à idéia da minha própria inferioridade. Não importa quanto orgulho eu traga; não importa em quantas universidades e vestibulares eu passe; não importa se eu nunca fumei ou bebi; não importa se eu sempre obedeci meus pais – apesar das ameaças de rebeldia; não importa a idéia de que eu seja um garoto “bondoso e inteligente, bem melhor que muito marmanjo galã por aí”... Nada disso importa. Simplesmente porque eu não sou feliz do jeito que vivo. Não sou feliz da forma que sou ou quando encaro o espelho todos os dias pela manhã. Não sou feliz por não ter as coisas mais simples – simplórias ao extremo – que cada garoto da minha idade ou homem deveria ter.
Enfim. Nenhum ovo quebrado na minha cabeça ou marchinha de vestibular me farão um cara satisfeito; nenhuma universidade pública ou curso ambiental conceituado e promissor. Há tempos – e eu garanto a vocês -, há tempos eu venho pensando que apenas uma coisa me libertaria dessa corrente ilusória da minha própria vida. Apenas uma coisa. E, infelizmente, nem para dar esse fim eu tenho coragem.   

1 de dezembro de 2011

Agradecimentos



Era Sábado, 19 de Novembro. A maioria das pessoas de casa estava viajando, e eu aproveitei a oportunidade de paz e calmaria para ir à sala. Eu sentei no sofá e comecei a conversar com Ele. A prova seria no dia seguinte, e com ela, a pressão de um resultado rápido e minha primeira prova de vestibular num curto prazo – já que o resultado sairia dali a uma semana, ao contrário das outras provas de vestibular seletivo que venho fazendo há dois anos.
Antes que pensem que eu pedi apenas por pedir, saibam que antes de mais nada, eu ponderei todos os meus erros e pecados. Minhas ofensas, desrespeitos e deslizes familiares e religiosos. Coloquei na balança minhas más atitudes e só então pedi. Mas, eu não pedi para passar no vestibular; não pedi a vitória e o fervor da comemoração. O que eu pedi – e não vou revelar, por uma simples questão de privacidade – foi algo que remete diretamente ao ponto mais fraco da minha personalidade. Também fiz questão de ressaltar o quanto colocaria meu desempenho a serviço da vontade de Deus, e que, seja lá qual fosse o resultado, caberia somente a Ele. Afinal, eu sabia e sempre soube, lá no fundo, que Ele sabe o melhor a ser feito. Pedi que meus colegas, amigos e concorrentes fizessem uma boa prova; pedi que ele proporcionasse tranqüilidade e discernimento a todos eles, e que se alguém tivesse que passar no meu lugar e se saísse bem melhor que eu, então que assim fosse feito.
Devo confessar que minha prova não foi das melhores. Meu desempenho não foi bom. Isso me desanimou bastante e me deixou com a certeza de que não passaria no vestibular. Os dias que se seguiram foram os piores – eu sequer sei descrevê-los. Então o grande dia chegou: 25 de Novembro de 2011, Sexta-Feira. Eu ouvi meu nome no listão e mal acreditei. Comemorei com os amigos e comecei a tremer de nervoso. Recebi a ligação eufórica de alegria dos parentes e as mensagens de vitória do melhor amigo – parecia mais um sonho.
O post é sobre os agradecimentos e não sobre como tudo ocorreu no dia. Portanto, aqui vai:
Primeiramente, volto a frisar meu forte agradecimento a Deus, que ouviu minhas sinceras preces e me concedeu aquilo que eu tanto desejei. Não foi a festa ou a vitória o grande pedido, mas a convicção de que eu podia – e consegui – fazer aquilo que tanto clamei no dia anterior à festa. Coincidência ou não; destino ou acaso, as coisas de fato aconteceram e foi a Ele quem destinei meus mais fortes e gratos agradecimentos. Há alguns meses Deus não era nada para mim, mas de repente eu decidi acreditar – graças a uma pessoa que eu amo com todas as minhas forças, aquela que amoleceu meu coração cético e ateu pouco a pouco – e pôr fé num Deus bondoso. Graças a esse acontecimento, minha vida passou a tranqüilizar, meus ânimos acalmaram e enfim pude me sentir mais leve e crédulo numa força superior capaz de me oferecer apoio nas horas de escuridão.
Não precisei mudar de religião ou de igreja. Precisei apenas acreditar em Deus. Só. Por isso meus agradecimentos vão, primeiramente, a Ele.
Em segundo lugar, devo agradecer à presença dos parentes, amigos e conhecidos que estiveram comigo desde o início. Aqueles que depositaram fé na minha capacidade; os que sempre me chamaram de nerd – um no estilo vagabundo, devo acrescentar; aqueles que me pedem cola e aqueles que rezaram por mim. No momento que ouvi meu nome no listão, no momento que todos vocês souberam e vieram comemorar tal vitória; telefonaram e lembraram de mim... Foi isso que me deixou feliz. A presença de vocês – física ou não. A total construção da minha felicidade nesse dia, foi exatamente tudo isto. Estiveram comigo, do início ao fim – até mesmo aquelas pessoas que eu jamais imaginava que recordariam ou dariam ênfase à minha vitória.
Por último e não tão menos importante, está toda a família Sophos. Os professores que passaram a mim e aos meus colegas toda a base, os conhecimentos e experiências que utilizamos na hora das provas. A coordenação, nos repassando valores e a auto-estima, dando-nos a convicção do quanto somos capazes; do porteiro ao diretor; o pessoal da cantina às faxineiras. Não há como olhar para a minha vitória no vestibular e não lembrar de todos vocês. Muito obrigado.
Finalizando esse agradecimento, devo ressaltar que esta foi apenas a primeira batalha – ou, como eu vejo, um pequeno e rápido teste objetivando meus maiores e supremos objetivos: as universidades públicas (UEPA, UFPA e UFRA). Peço novamente a Deus que ilumine neste caminho, e realize o mesmo pedido – voltando a frisar: não revelarei qual foi - que eu fiz na véspera do vestibular da UNAMA. Por isso, espero que Ele dê força e capacidade a todos meus colegas, amigos e concorrentes, porque ambos têm sonhos e objetivos tão importantes quanto os meus.

2 de novembro de 2011

Olá, pessoal.



­ ­ ­ ­ Beleza, vamos começar por aqui: eu não tenho nenhum atrativo, nem nunca tive. Eu nunca fui cobiçado, não mesmo. Posso contar nos dedos as pessoas que disseram ter interesse em mim, e posso contar, no mesmo número de dedos, quantas pessoas eu dispensei simplesmente porque acreditava na balela de "espero a garota certa". Panacão, não é? Bem, eu ainda era criança, era sonhador, espirituoso, apaixonado e idiota. Fora isso, nada mais me ocorreu. Eu nunca fui notado no colégio, na minha rua ou nos cursos extracurriculares. As garotos por quem fui apaixonado sempre me viram como um amigo fofinho, meigo, fofo e companheiro. Apenas um amigo. E eu também sempre fui esse tipo de gente: daquelas que você se apoia para superar as dores e decepções conjugais; daquelas que você pode se abrir e contar os segredos, e como aquele garoto bonitão te magoou. No mais... sem mais atrativos.
­ ­ ­ ­ É, eu não tenho nada de atrativo. Meu físico não é dos melhores. Não tenho uma banda popular, nem milhares de fãs nem hordas de garotas na agenda celular. Eu não sou foda - como algumas pessoas andam falando por aí. Eu sou uma farsa, uma negação finginfo ser aquilo que queria ser. Não faço nada de excepcional; nunca fumei, nunca bebi, nunca levei um porre - e se disse que levei, era mentira. Nunca fui às grandes festas - também posso contar no dedo as festas que fui. Nunca peguei uma, duas ou mais garotas nelas. Aliás, eu sempre quis ir embora dessas festas, porque eu sabia que não poderia fazer nada demais, sabia que não seria notado nesses lugares.
­ ­ ­ ­ Alguns chamarão essa coisa toda de "complexo de inferiodade". Tanto faz, podem chamar. Porque eu tenho a certeza de que não é um complexo. Não é um capricho, tampouco frescura. É a pura verdade. Em suma, sei que não farei diferença nesse mundo e que meus sonhos não se realizarão - porque, aparentemente, eles são difíceis de se concretizar.
­ ­ ­ ­ No final, eu já não me importo. Já falei, compartilhei e todas as pessoas que estão ao meu lado já percebem: nem sair de casa tenho coragem. Olhar no espelho, ah, é o exercício mais cruel e vergonhoso de todos - e não estou dramatizando ou deixando o texto mais poético. É literalmente verdade.

20 de outubro de 2011

Meus rios azuis


Eu vou seguir, pela margem da estrada, sob o vento frio da noite e o calor do dia. Estou vagando, pela estrada tortuosa, acelerando e segurando firme. Eu vou seguir, é, eu estou seguindo. Não mais esperando, aguentando o ronco do motor, o lamuriar das tristezas e os tormentos da vida. Chega de lágrimas, sem mais tristezas, certo?
Encontrar a garota certa - nem que seja a garota certa da noite certa e na cama certa. Por uma única noite me apaixonar e apertar o coração, partir de manhã deixando-a um leve beijo na bochecha e duzentas pratas na mesa. "Ela é perfeita" diriam meus amigos de bar; aprovaria meu velho.
Voltar à estrada, largar os laços para trás: as memórias, as páginas do livro favorito; os amigos da escola e a família amorosa; jogar fora um cigarro, ouvir minha canção predileta e gritá-la enquanto a tempestade cair lá fora. Dirigir. Viver. Seguir. Dar adeus às estalagens, cumprimentar o bom homem do balcão e bajulá-lo - por outra dose de coragem, outro copo de persistência, uma garrafa de esperança e um último gole de uísque barato. "É a vida", gritarão meus parceiros decaídos. Sorriremos, brindaremos e cairemos lá fora, na sarjeta da vivência, na imundíce da existência.
Então o Sol irá nascer, nossas cabeças vão doer e tudo mais voltará a funcionar. Nossas vidas, nossos declínios, decepções e remorsos. Aí eu vou pegar a estrada, lembrar dessas noites com o mesmo fervor de um velho soldado vitorioso e desconhecido, mas sem chorar ou voltar atrás, partirei novamente - pela estrada da minha vida.

12 de outubro de 2011

Rápido vacilo


Ontem à noite fui domado pela fraqueza, um deslize trágico do qual não costumo ter – que me recuso a ter. Mas eu não posso negar, porque não importa o quanto eu esconda das pessoas, o grande e principal personagem deste deslize sabe a verdade. Você sabe a verdade, e eu disso não posso esconder. Sabe, eu deitei na cama e fitei o escuro do quarto, a parede branca e o silêncio da noite. Ouvi meu coração bater forte, a corrente sanguínea acelerar e a respiração falhar. Fechei os olhos, tentei dormir, mas já eram quatro da manhã e nada aconteceu. Foi aí que resolvi escorregar, dessa vez. Ignorei a casca dura que molda minha pessoa, abandonei o orgulho e o ceticismo. Eu escorreguei porque não aguentava mais, a dor estava me matando, e principalmente o medo. Medo de nada dar certo – como tem sido por todos esses meus 17 anos de vida. Medo da desistência. Medo de largar meus sonhos. Medo de esquecer meus amores. Medo de perder tudo aquilo que me sustenta. Medo de ser ignorado. Medo de jamais ser compreendido por aqueles que desejo que me compreendam. Por tantos medos, confesso – e você sabe, você viu – que não aguentei e deixei as lágrimas cairem. Homens também choram, e homens de verdade, ao meu ver, são aqueles que admitem seus próprios temores e vez ou outra clamam por ajuda. Eu chorei, você presenciou. Mas eu não pedi nada, nenhuma graça ou recompensa, porque eu confessei o quanto sou inglório de seu amor. Digo besteiras, penso bobagens e vivo blasfemando. No entanto, nesse momento de fragilidade e temor, clamei com todas as forças para que você apenas me escutasse, ouvisse meu desabafo e estivesse presente para me entender. Porque tudo o que precisava era disso.
Devo admitir também, que a maioria do tempo eu não te entendo e te repudio, ou, basicamente, repudio aqueles homens e mulheres que dizem te amar, mas fazem e trilham vidas totalmente contrárias às suas palavras. Peço que entenda meus motivos de não acreditar, e sei que no fundo você entende, embora eu de fato saiba que entender não significa perdoar. Eu desabafei, chorei e implorei por entendimento. E você sabe muito bem que essa minha condição volúvel perante o ato de acreditar, deve-se à uma única pessoa, que nos últimos tempos vem me amolecendo e me tornando mais receptível a esse lance de religiosidade. De qualquer forma, na última noite você viu meus sentimentos e medos.
Sou uma pilha de fracasso e idiotice, eu sei, mas você deve entender no fim. Não peço perdão, porque sei que não mereço isso – sou profano demais para tal honra. Tudo o que venho dizer, aqui e agora, diante do testemunho de todos, é um pequeno agradecimento por ter me escutado e me entendido – levando, é claro, a suposição de que você de fato exista.
Não estou totalmente mole, tome isto como a prova de que eu ainda posso ser alguém bom aqui por dentro, e que ficaria muito grato se meus humildes desejos deixassem de ser sonhos para virar realidade, me tirando desta grandiosa frustração em todos os aspectos da minha vida espiritual e social. De resto, não tenho mais nada a dizer. É difícil ter essa relação com você e ainda tá sendo muito ruim acreditar, mas este foi apenas um momento de fraqueza, eu já disse isso.
Obrigado por ouvir, Deus.

6 de outubro de 2011

Desdenhar-te





Entrei no apartamento naquela manhã nublada sob as recomendações do corretor e as toneladas de burocracias. Havia tanto tempo eu não voltava ali, mas o lugar continuava o mesmo, com uma ênfase maior no cheiro abafado de móveis velhos, papéis mofentos e a última garrafa de whisky largada na sala.
O homem era baixo e calvo, suava incontrolavelmente pela testa enrugada e pelas têmporas manchadas – proveniente de algum problema de pele. Ele falava como um papagaio antes do abate, tagarelando sobre preços, pessoas interessadas e comentando com um sorrisinho falso o mal cheiro do lugar.
Vá se foder, eu pensava.
O baixinho não parava para descansar a voz e mais parecia uma prostituta velha contando suas aventuras. Obviamente, aquela merda toda não me interessava e minhas reais razões de estar naquele apartamento eram outras. Atravessei a entrada e o abandonei na sala com sua prancheta e intuitos financeiros – é, ele podia esperar. O lugar imundo me recordava a última vez que estive ali e o modo intenso como a brisa fria entrava pelas janelas.
A manhã nublada recordava as condições daquele dia, já que o natal se aproximava e as chuvas típicas que semeavam os inícios dos dias traziam um gosto especial às coisas. À ela. Em minhas lembranças, a árvore brilhava no canto da sala, o primeiro presente já ostentava seus pés – colocado por mim, numa embalagem rosada delicada de laços prateados. O cheiro do café vinha da cozinha, ela estava lá, preparando os ânimos para outro dia de nossas vidas. Nossas. Bela ilusão, devo confessar.
Agora, na minha imagem atual, desprovido do clima de natal e cheirando o aroma abafado do apartamento, eu começava a parar no meio da cozinha. As louças ainda estavam lá, incrivelmente sujas e organizadas – até na merda da sujeira aquela mulher conseguia ter organização. Soltei um suspiro alto demais, e o maldito baixinho corretor fez um comentário estúpido e bajulador. Eu não liguei. Era mais um desses fodidos que viviam em função do dinheiro, pouco se importando com os problemas alheios. Talvez se naquela época eu assumisse tal posição, então as coisas não me teriam sido tão cruéis. Truques do destino.
Senti o aroma do café, tomado subitamente pelo devaneio das lembranças.
Nesta exata posição, ignorando toda a sujeira da cozinha – que um dia me parecia tão limpída e refinada – pude enxergá-la de costas, fazendo o café da manhã do modo antigo, mesmo com a cafeteira ao seu lado. Ela costumava me dizer que sua avó preparava o café daquele modo, e que não conseguia fazê-lo de outro jeito. Todos os dias ela repetia aquele maldito e arcáico costume, que de algum modo me fizera amar tanto o vício pela cafeína nos últimos anos. Hábitos adquiridos; as coisas mais idiotas e patéticas que ela fazia começavam a fazer parte da minha vida de um jeito estranho, de uma forma compulsiva. Eu já não me via sem seus passos.
Então ali eu estava, tendo sua imagem refletida e reproduzida na minha memória. Ela se vira, com os longos cabelos escuros e pele alva. Sorriso de ponta, olhar estonteante que me fazia cogitar se estava me sorrindo ou traindo. De suma atraente. Para diante da mesa e repousa a garrafa do café, me sussurra palavras doces e gentis, tornando seu bom dia a coisa mais sensual e amável possível. O tipo de coisa que me fazia ter vontade de voltar para a cama, tirar suas roupas e amá-la como na primeira vez. Esse era meu desejo: amá-la todos os dias, amá-la como a primeira vez, todos os dias, para o resto de nossas vidas. Entregá-la os melhores beijos, os mais calorosos e abobados, em seguida prometê-la as mais puras e sinceras juras de amor. Ah, caralho, eu era uma belo idiota. Mas então ela vinha, colocando o café na mesa e sentando nela, esperando meu próximo passo. De algum modo conseguia impedir que meus desejos se concretizassem e meu jeito de amá-la fosse prorrogado para depois do café da manhã.
O corretor fungou e me fez a pergunta crucial. Cruzei os braços e virei-me para ele. De relance, vislumbrei o quarto. Nosso quarto. E desejei que as imagens das nossas fodas me viessem à memória, mas tudo o que enxerguei foi uma noite escura – alguns dias antes do natal – e gemidos abafados. Quisera eu ser tudo aquilo um pesadelo, mas as lembranças que tive dela eram somente as que remontavam seu corpo nu, as curvas suadas e perfeitas de baixo do calor do corpo do outro cara . Essa é a única imagem pragmática e nojenta que permeia meus olhos. A única imagem que martela minhas retinas e pisca como aparato de puteiro de esquina. Era ela sob ele, suando e gemendo e suspirando e fazendo aquilo da forma mais clichê na nossa cama depois de tantos motéis baratos pela Mário Covas ou na própria casa do marmanjão enquanto os pais dele não estivessem lá. Era selvagem, era brutal, era ritmado, era incansável. Era barulhento. 
Forçado a escapar dessas lembranças, volto ao presente, parado diante do corretor anão-careca-com-problema-de-pele. Ele me refaz a oferta com mais ênfase. Agora está quase dobrando o preço, adicionando 40% a mais no valor original.
Então eu fecho os olhos e relembro o cheiro do café, de seu sorriso de ponta e do olhar que até hoje me intriga – era um sorriso ou uma traição? Reabro os olhos e estendo a mão para o baixinho patético. Não estou dizendo nada, mas posso ver seus dentes amarelos de tabaco fechando o acordo comigo.
 Negócio fechado!   Ele comemora. 
Vá se foder
Era tudo o que eu conseguia pensar.

25 de setembro de 2011

We're back, motherfuckers!



Apesar de todo o meu desejo de escrever esse post na sexta-feira, só venho trazer essas humildes e humanas palavras hoje, domingo (rs, pouco mais de 24 horas é muita coisa, sabiam? Perguntem a Jack Bauer), banhado em felicidade e empolgação. O motivo disso é simples: posso encher o peito com ânimo, repleto de ar e alegria, porque sim... Sim, hoje posso gritar e dizer: estamos de volta!
Não digo isso porque a espera pode ter sido longa – eu sobrevivi muito bem, por sinal. Não que eu estivesse roendo as unhas, porque, sinceramente, e volto a afirmar: a 6ª temporada de Supernatural foi um fiasco, desprovida de enredo forte e envolvente. Não é porque sou um grande fã que bajularei a série, eu seria um falso burro se fizesse isso. É a minha opinião, aliás, sobre o seriado de tevê que despertou em mim o sonho de escritor e a habilidade para as palavras. No entanto, após quatro meses de expectativas receosas, nós chegamos em Setembro e tivemos mais uma season premiere de Supernatural, me retomando aos dias gloriosos.


Sim, um sentimento nostálgico me tomou durante o mês, a semana e o dia que antecederam a estreia da temporada. Isso porque eu relembrei aquele mesmo Felipe, que no dia 16 de Julho de 2006, descobriu aquele seriado que tanto o agarrou com inspiração e devoção. Relembro os dias de empolgação infantil diante do computador, enquanto vibrava com cada episódio que baixava. Eu assistia, tinha os olhos e ideias iluminados pela série, e acompanhava – em tempo real, desde a terceira temporada – cada novo passo dos irmãos Winchester e cada final de temporada. Aqui vai uma confissão sobre isso: sempre tive uma ligeira revolta em relação àquelas pessoas que desfrutavam de Supernatural na tv aberta, ou, simplesmente, assistiam à série sem ao menos degustarem da cruel espera de meses para o início de uma nova temporada. Certo, certo, deixando os devaneios de lado, relembro o tempo bom, as lágrimas, as expectativas, os palpites e as teorias que Supernatural sempre me causou.  
A outra revelação é: após o término da 6ª temporada, minhas ansiedades decairam e as esperanças afundaram. Supernatural, na referida temporada, trilhou um enredo vazio, totalmente vago e desprendido dos aspectos que sempre o tornaram meu seriado favorito. Agora posso dizer, livre de preocupações (porque agora não são mais spoilers): Aquela abobrinha e alopração de Castiel ser o novo Deus, mesmo marcando um grande desafio aos produtores e roteiristas – especificamente de Sera Gamble -, nos trouxe uma ideia de que estávamos caminhando para uma história sem rumo, repetitiva e cansativa, apelando para histórias ruins e não tão realistas como sempre – sim, essa era minha opinião e a de muita gente. Começávamos a imaginar: E AGORA, QUE PORRA VAI SER DE SUPERNATURAL?  QUE PORRA DE SAÍDA VÃO ARRANJAR PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA BOA TRAMA?

Desesperançosos por quatro meses, muito de nós esperamos, esperamos e... Na última Sexta-feira, 23 de Setembro de 2011, tivemos nossa tão querida resposta. Agora é o momento que vou contar os spoilers e acontecimentos do primeiro episódio, certo? Errado. Vão assistir, pessoal, não vou contar nada, porque antes de ser um tipo de review, esse post fala sobre meus sentimentos acerca da season premiere, Meet The New Boss.
Vou terminar por aqui, porque realmente não disponho de paciência para fazer uma análise bem mais profunda do episódio – sério, são 00:32 e tô com sono. Tudo o que tenho a dizer, é que Supernatural parece se reerguer do trauma vazio da 6ª temporada, apresentando um enredo mais forte e envolvente. Principalmente por termos um novo motivo para nossos caçadores favoritos voltarem à ativa, na tentativa kamikaze – como sempre, né? Coisa de Winchesters – e intensa de salvar o mundo dos novos monstrinhos Leviatãs que estão à solta e domando no corpo de nosso ex-novo-Deus, o anjo Castiel.  Não posso deixar de lado o que acontecerá com Sam, agora que ele lembra de tudo o que rolou na Jaula ao lado de Lúcifer e Miguel. Perguntas frequentes, são: o que vai acontecer com ele? O que ele vai fazer? Será o mesmo Sam instável da quarta temporada? Será o Sam malvado e sem alma – literalmente falando – da sexta temporada?


Se eu quero respostas para tais perguntas? Oh, mas é claro. E quero que sejam respondidas ao estilo Supernatural de sempre: salvando pessoas, caçando coisas. A porra do negócio da família!
7ª temporada, aí vamos nós!


17 de setembro de 2011

Objeto



És usado. Um pequeno vaga-lume diante de um refletor. És atraído e traído. Uma mísera vida diante do esplendor. És amado e fatigado. Um ambíguo amante diante do amor. És amarrado, dilacerado, pisado e corroído, extremamente péssimo tu és comprimido. Um pobre substituto diante do amigo, a leviana pétala diante do capricho. No fim, descartado. És a última cartada, a única sobra sem lhes dar escolha. És tragado para fins alheios, diante do último suspiro. És traído. És usado. Eis meu castigo.

16 de setembro de 2011

­ ­ ­Brás C.

 “Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás íntimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como ébrios, quinam à direita e à esqueda, anda e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorrega e caem...”
Memórias Póstumas de Brás Cubas

15 de setembro de 2011

Migalhas



Caem as chuvas de inverno, caem as estrelas, caem as agonias. Ressecam os mares, os rios, as vontades. Varrendo as imensidões dos vales, transcendem os arbustos da escória, a decadência da vida, o amor e a derrota. Por míseros pastos de vergonha, as palavras sinceras caem por terra, a lealdade ressaca na juventude e a velhice acolhe nossas glórias. Me pergunto, me questiono: onde há o espaço adequado para estas dores? Porque há de existir, porque há de aplacar? As respostas, talvez nunca venhamos a descobrir – não enquanto formos homens e mulheres vulneráveis ao furacão da paixão. Por ora, ah, eu espero, fiquemos aqui apreciando as sórdidas jornadas de nossos corações. Cansados, felizes, iludidos e esperançosos, sofrem com o fardo da vida e se desprendem da humanidade. E as migalhas? São tudo o que de nós resta agora. 

4 de setembro de 2011

"Álvares de Azevedo, O poeta Rock N' Roll"

Embalado pela minha eterna paixão por Álvares de Azevedo, trouxe esse vídeo que encontrei hoje no tio tchube. Para os mais interessados que quiserem assistir e não têm muita noção - por ter matado a aula de literatura, né? - assistam ao vídeo, embora eu ressalte que discordo em certos pontos do que é dito aí. Mas são apenas detalhes, então dei o privilégio do desconto e deixei passar. Boa apreciação.



Créditos: www.livroclip.com.br

Acostuma-se


Nem tudo são rosas em nosso jardim mundano da vida. Há temporadas de seca, há temporadas de Inverno. Florescemos na Primavera, esquentamos no Verão, somos monótonos no Outono e gelados no Inverno. Não me refiro às estações do ano, mas ao vasto universo que nos compõem interiormente. Como pessoas, mudamos frequentemente e temos nossas fases, e numa sequência lógica de tempo que todos os anos se repete, aprendemos alguns lances com a vida - de forma boa ou ruim, ao acaso ou não, forçados ou por vontade própria. Nos acostumamos. Sabemos que o Sol vai nascer amanhã e deixamos passar tal espetáculo, mas há momentos que cessamos nossas rotinas por um instante e apreciamos ao nascer do Sol. Você sabe que ele sempre nascerá, no entanto a escolha é totalmente sua sobre ignorar tal fato ou continuar se comovendo todas as manhãs. Por uma simples questão de escolha - salvo algumas exceções - optamos pelo costume. A rotina nos aplaca. Ei, de uma forma ou de outra, tudo é rotina: o café todos os dias; o modo como dormimos; o jeito de beber um simples copo d'água ou o tratamento que damos às primeiras pessoas que topamos de manhã cedo. Porque rotina não é algo ruim, essencialmente. O lado ruim da rotina é como você a trata e o quê faz com ela. Você acostuma a conviver com alguns fatos, e passa a ignorá-los - são pequenos detalhes. Como a lembrança e a continuidade de uma dor, uma traição, decepção, alegrias, felicidades ou esperanças. Você aprende a conviver com tudo isso e molda sua vida a partir destes detalhes. A dor que tanto incomodou um dia irá parar, já que seu corpo ou alma estarão acostumado demais a senti-la. As lágrimas perderão seu valor, pois desceram de nossos olhos por tempo demais. Certas coisas não mudam, então decidimos continuar presos a elas pelo simples fato de sentirmo-nos bem, apesar de todos os pesares sórdidos e dolorosos. A vida segue e tudo o que devemos capturar dela é o modo mais acomodado ou doloroso de seguir em frente. Aprende-se: tudo é rotina. Aprende-se: basta acostumar-se.

26 de agosto de 2011

Memórias da Guerra

MEMÓRIAS DA GUERRA

Aos campos de derrota
Pelos corações arrependidos
Que através da velha glória
Aplacou os homens vivos.

Aos drinques de plasma
Para a escória da humanidade
Que em iníquos fantasmas
Arrasou a intocável castidade.

Aos fracos moribundos
Para a memória da poeira
Que do desgosto profundo
Fez a guerra derradeira.

Aos senhores da aniquilação
Para os pobres soldados
Que na Rosa da destruição
Intoxicou a honra dos bravos.

Aos sangrentos passados
Para a vergonha da nossa geração
Que em armas e afagos
Ascendem na escuridão.



(Felipe Santiago)

23 de agosto de 2011

Vida



Acordou, espreguiçou, cheirou os lençóis e se percebeu no sofá. Sorriu. Agarrou o caderno, destampou a caneta, pintou, desenhou. Escreveu. Folheou as obras, leu os poemas, revisou o texto, admirou os rabiscos, amaçou o rascunho. Pôs o cabelo para trás da orelha. Brincou com os discos, bagunçou a coleção, abandonou a ordem alfabética, asparramou no chão, colocou o vinil preferido. Pôs os fones, fechou os olhos e esperou. Ouviu. Cantou. Contraiu os dedos dos pés, acariciou a própria pele. Correu à cozinha, sentou na mesa, sentiu a fome rotineira, esquentou o café. Bebeu. Atravessou a casa, foi ao banheiro, tomou banho, deixou a água escorrer o corpo, pensou na vida, pensou na morte, pensou na alma, na eternidade. Voltou ao quarto, enrolada na toalha, optou pela melhor roupa. Abriu o guarda-roupas. Camiseta branca, jaqueta e saia jeans, bota alongada e escura. Saiu de casa. Ligou o carro, saiu rua abaixo, sob o Sol da manhã. Dirigiu pela costa por horas a fio. Tocou o vento, beijo a luz, bagunçou os cabelos, ziguezagueou no volante. Sorriu, cantou, fechou os olhos. Gritou. Parou na praia, tocou a areia, deitou no capô, contemplou o céu. Contou as nuvens, pintou os pássaros, contou o azul, pintou seus passos. Novamente dirigiu, passou pela costa, admirou as crianças, conversou com os gatos, acariciou os cachorros. Comeu, bebeu. Lembrou. Voltou pra casa, viu o Sol descer, esperou a tarde cair. Entrou em casa. Pisou no silêncio, afagou as lembranças. Correu ao banheiro, entrou na banheiro. Ligou a torneira. Deitou, fechou os olhos. Se molhou. Chorou. Bebeu o whisky, sofreu, relembrou outra vez, agarrou a carta, leu as palavras. Sofreu, lagrimou. Gritou. Fones de ouvido, carta rasgada, peito seco, dores inchadas. Observou a noite, mordeu a boca, desejou, acalmou-se, aquietou-se. Adormeceu, dormiu. Sonhou. Caminhou pela colheita, tocou as frutas, colheu esperanças. Camiseta branca, jaqueta e saia jeans, bota alongada e escura, cabelo preso. Esvoaçante. Olhou a manhã estrelada, olhou a noite ensolarada. Chutou a felicidade, agarrou as brincadeiras. Sentou-se ao campo, agarrou uma plantinha, beijou-a, amou-a. Deitou-se nas relvas, rolou, sorriu, cantou, relembrou, sorriu novamente, fechou os olhos. Brilhou.

13 de agosto de 2011

Colidir


É madrugada e eu penso: o que todos eles estarão sonhando? É madrugada e estou acordado sob o quente do lençol e o frio da brisa. Lá em cima o céu se estende para mim como um livro sagrado, limpo e brilhante. É madrugada, e o som está ecoando em meus ouvidos; aquele som que me toma um regresso no tempo, às épocas alegres e encatadoras. Embora boa e penetrante, o som é sujo – quase, eu disse quase massacrante. As estrelas estão lá em cima, e me pego a pensar quantos “iguais” a mim notariam o brilho desses pequenos focos de luz. Sei, e como sei o quão irrelevantes são eles para olhos alheios, mas ainda estou aqui, de madrugada, me pegando a pensar sob a noite e o belo estrelar: quantos deles se importam, e quantos dariam a ênfase que estou enviando ao som que me abate? Solto um pesado suspiro – alguém disse uma vez que a cada suspiro que solto, um pedaço da minha felicidade vai embora. Não há dor, não há tristeza, no entanto. Foi apenas um suspiro. É madrugada, e eu volto a fechar os olhos e ouvir o som que acolhe meus ouvidos. Estou tentando voltar ao sono – que subitamente foi interrompido sem razão alguma. Aperto os fones de ouvido. Solto outro suspiro, e tento dormir.

9 de agosto de 2011

The Sharpest Lives


Esse é o meu caminho: seguir por alguns livros, despencar por alguns parágrafos, paquerar alguns textos  e casar com algumas frases. Esperar o inesperado, alcançar o impossível e acordar no dia seguinte, me dando conta de que tudo foi um sonho. Ver as pessoas vivendo, tentar analisar e morrer em lágrimas ao não entender sequer a metade. Aguardar o momento certo para algo dar realmente certo, sentar ao Sol e migrar a mente. Sentir sono diante de um enorme som, e repudiar curtições e danças. Ser chato, irritável e insuportável. Reclamar de tudo e todos, e depois estar ao lado deles sorrindo novamente. Negar as desculpas, porque não há perdões para sua verdadeira essência. Ser sozinho, ser sonhador, querer tudo e sempre não ter nada. Fazer do dom profissão, viver de uma profissão sem futuros. Ser querido, longínquo e pouco odiado. Ser imperceptível, desprezível e descartável. Ser eu. Sonhar. Dispor de palavras na escrita e não saber o que dizer com a boca. Melancólico, triste e dramático. Procurar a mulher dos sonhos, mas topar com uma ainda melhor que ela. Topar com uma mulher de verdade, e não ilusória. Sentí-la no peito, e depois perdê-la. Indo embora. Recordar sua presença e me desfazer em lamentos. Dizer besteiras e mais besteiras, mentir a maior parte do tempo ao fingir ser alguém que não sou. Assumir uma casca machista e insensível. Ter medo de mostrar que existe aí um homem diferente, sensível e bobo. Provar que isso é possível e que nada significa desvios de opção sexual. Rir disso e desejar a morte de certas pessoas. Odiar um aqui, outra ali. Puramente ódio, puramente por odiar. Lamentar por ter esta vida, desejar viver novamente. Querer ser outro alguém, deter outros gostos e costumes. Ser literalmente diferente, por dentro e por fora. Ter uma casca mais bonita e uma personalidade menos imbecil. Ter beleza e menos conteúdo. Ser mais macho. Mais comelão. Desejar mais bocetas do que corações. Desejar mais rabos do que amores. Comer as meninas ao invés de admirá-las pela personalidade e inteligência. Ter todas elas, ser gala seca e mesquinho, outro filhinho de papai com o carro do ano e o pênis ativo. Ligar o som, segurar a insuportável e horrenda lata de cerveja e dançar a música cheia de “cultura”. Olhar a tudo isso e repudiar, voltar atrás e desejar ser eu mesmo novamente. Continuar sendo menos superficial, embora isso não custe o sucesso que tanto sonho. Ser um fracassado; um idiota atrapalhado; uma besta quadrada; ignorante magricela, alvo de chacotas e brincadeirinhas; emotivo; emo deprimido; doente descuidado à beira da morte, ou à falha de um rim ou à beira da cegueira total, amputação de um membro ou coisa parecida; a eterna negação; a mais podre vergonha diante do espelho; aquele que sonha tanto e pouco realiza; sendo feliz por tão breves momentos, e sofrendo a maior parte do tempo; levando porrada sempre e sempre, mas seguindo em frente para ver certas pessoas felizes. Negar a tristeza e fingir a mais bela felicidade. Procurar o que mais quer mesmo já tendo tudo o que precisa. Ser panaca – panaquinha -, babaca e mais uma vez, alvo de chacota. O nerd que nunca é visto agarrando uma garota. O amigo que observa o sucesso dos outros e olha a si mesmo sem nada, sem ninguém, sem porra alguma. E por fim, voltar à cama e tentar dormir com o peso de ser isso: ser eu, a maior parte do tempo.

4 de agosto de 2011

Um desabafo, tantas decepções.


Com o tempo você aprende que as coisas não são tão fáceis ou simples. Com o tempo, suas visões se ampliam e a lógica infantil de que “tudo pode ser resolvido” desaparece, e o mundo começa a se mostrar mais obscuro diante de você. Nós crescemos, amadurecemos e lamentamos o fato de certas coisas permanecerem da mesma forma e que jamais mudarão. Isso implica em tantas questões de nossas vidas e não se limita apenas a poucos assuntos, mas a todos eles.
E nas últimas semanas, eu aprendi algo vital para o encaminhamento da minha mísera vida daqui pra frente: não podemos salvar o mundo, porque ele precisa aceitar sua própria salvação antes disso. Tomem esta frase e apliquem-na em suas vidas, garanto que chegarão à mesma conclusão. E graças a isso, hoje escrevo esse texto, refletindo toda a minha decepção e tristeza com as pessoas que mais estiveram ao meu lado durante toda minha vida: minha própria família.
É lamentável quando você demonstra verdades diante dessas pessoas, eles as consideram, mas continuam partindo dos mesmos princípios e ignoram essas tais verdades em função de benefícios superflúos e substituíveis – o pior: facilmente substituíveis. Não importa o que você faça ou diga, não importam as provas e evidências que mostremos a essas pessoas, elas jamais colocarão a sua pessoa em primeiro plano e nunca ponderarão seus argumentos. É justamente isso o que me fez perceber o quão mesquinho o mundo – a humanidade e a fétida raça humana – pode ser, já que embora todos os esforços estejam ali, diante dele e com o intuito de ajudá-lo, o mundo jamais alcançará a própria salvação se ele mesmo não se interessar em buscá-la.
Somente no momento em que as pessoas a minha volta levarem um tapa na cara – ah, e vai acontecer brevemente, e por mais duro e lamentável que isso seja, eu vou sorrir amargurado e direi “Eu avisei. Agora acho pouco” – é que a verdade os acometerá e irá clarear seus olhos há muito cegados. Talvez nem isso aconteça, mas tanto faz agora.
Minha decepção está crescendo, evoluindo e superando a benevolência e as relevâncias. Não consigo mais ser tão bom e compreensivo, e o jeito bom que sempre imperou em mim no sentido de não guardar mágoas já sumiu. O pior de tudo é que não posso mais fazer nada, e mesmo fazendo, eles – minha família – falarão mal de mim e puxarão o saco daquela tal pessoa que provocou todo esse desconforto familiar e destruiu nossos laços que outrora foi tão forte – eles não percebem isso, não dão importância a esse fator. Minha tristeza é grande, porque a cada dia que vivo, percebo que as coisas conspiram contra mim, e tudo o que eu mais sonho e desejo se afasta sempre, do mesmo modo como as más pessoas e péssimas influências conseguem voltar minha família contra mim, estando de baixo de nosso próprio teto.
Não sei o que vai ser daqui pra frente. Apenas a porra da decepção me contagia.  
Eu já desisti dessas pessoas e de toda essa hipocrisia que estão mantendo sob o próprio teto. Essa desistência causa algo ainda mais profundo, e toda a consideração por meus entes queridos hoje eu sinto morrer.
Para mim, tanto faz, tanto fez.  O mundo é desse jeito: você não pode salvá-lo, por maior e intensa que seja a tentativa. Deixe-os morrer, deixo-os se degradar, poluir e violentar. Importe-se consigo mesmo, salve a si próprio.
Dê o fora. É tudo o que importa.

2 de agosto de 2011

Estação do Sol


Mais um ano se passou, as férias chegaram e novamente terminaram. Com elas, as lembranças de uma época boa também estão ficando para trás, guardadas somente em nossas memórias e nas diversas fotografias. Como a vida, passageira e marcante, novamente o término deste período vai deixando sua marca em nossos peitos, e para os mais envolventes a dor da saudade deste tempo – e de tantos outros que já passaram – vai apertando os corações com uma iminente notícia: são tempos que jamais vão se repetir, coisas que ficam para trás. Nós recordamos os amigos que fizemos, e os amigos que nos fizeram companhia; as brincadeiras; as brigas; os desentendimentos; as gargalhadas; os abraços; os reencontros; os beijos e a troca de olhares; as aventuras mata adentro; as noites perdidas e as noites curtidas; os porres; o banho na praia, a fuga com a menina que você não vai voltar a ver por um bom tempo. Paramos para pensar em cada momento, os guardamos em cada canto de nossos corações, e os selamos na mente, para relembrarmos daqui a anos, ou contá-los para filhos e netos.
Mais uma vez, a época está passando e consigo as alegrias também. Esperamos que muitas outras venham, com mais envolvimentos e mais sorrisos. Pois essa é a grande cartada da vida: aproveitar cada milésimo de segundo juntamente com as pessoas que mais te fazem bem – que mais te fazem rir. Porque não sabemos se ainda estaremos dispostos para a mesma época no próximo ano, vivos e respirando, ou – pior – se estas pessoas ainda estarão ao nosso lado.
Saibam: não foi somente “mais um ano de férias”, mas sim outro momento da vida tão imprevisível que se estende diante de nós a cada dia. Eu apenas aproveitei cada segundo deste momento, fiz o que é certo, me deliciando de cada instante que ainda me resta ao lado dessas pessoas – conhecidas ou não. Passou, e infelizmente, jamais voltará atrás. Fiz o que pude. É o que importa: fazer valer a pena.

12 de julho de 2011

O que você é?


Aqui se segue uma declaração, cabe à sua pessoa ler ou não.

Me disseram uma vez que o modo como eu te tratado é espantoso. É claro que eu nunca te falei sobre isso, porque iria soar paranóico e bobo, mas é a verdade. Aquela pessoa da qual ouviu minhas palavras e descrições sobre você, me disse que eu deveria parar por um tempo e que você era apenas uma pessoa, e não uma entidade celestial cuja qual merecia toda a minha devoção. Eu me calei, é claro, mas não segui esse conselho mesquinho. Nem se quisesse eu não seria capaz de tal feito. Eu continuei te glorificando – e estou até hoje.
Um anjo, uma deusa, uma entidade pura e gloriosa. Quer saber? Pouco me importa o modo como te definam. Vadia, orgulhosa, fria, linda, caridosa, delicada, áspera, profunda, indecifrável, impenetrável, transparente, bondosa, asqueirosa, vingativa, maldosa, cruel. Isso não importa, pelo menos não a mim. Não importa o que o mundo acha de você, ou o quanto populações te julgarão; as pessoas podem te chutar a reputação, ou elevar seu caráter; o mais fodão dos garotos pode te cantar a noite inteira te chamando de gostosa. E no fim, sabe o que direi? Não importa. Porque eu sei o que você é para mim, sei o tamanho do seu coração e o quão brilhante é a sua pessoa. E mesmo assim, eu irei defendê-la com unhas e dentes, não vou deixar que ninguém te xingue, e vou lutar contra todos aqueles que te desejarem a queda. Eu posso até viver por você, negaria minha própria vida ou minha própria felicidade.
Mas não importa. Não importa o que digam de você por um simples motivo: para mim, você se eleva a quaisquer descrições humanas; mesmos os anjos se ajoelhariam e teriam os olhos encantados ao contemplá-la. Isso porque ele estariam enxergando o que eu enxerguei, e ao contrário das outras pessoas, eles não analisariam sua aparência ou suas atitudes, mas olhariam fundo, bem fundo, na direção daquilo que me tocou na primeira vez que conversamos: seu coração. Sua essência.
Eu nunca acreditei em Deus, no entanto, veja que irônico: fostes a única pessoa a me fazer rezar antes de dormir; a única garota capaz de crer que o Senhor é um cara bondoso e está lá em cima zelando por todos nós. Você me fez acreditar em Deus, porque és como a forma mais pura de milagre que surgiu na minha inútil vida.
Mesmo com todos os defeitos – e eles poderão apresentar-se inescrupulosos – eu ainda a venero com toda a convicção, porque o que faz de você especial para mim não são os 83% de pureza, e sim cada pedaço de corpo e alma que tem compoem. Eu amo cada defeito, cada olhar desprezível e cada atitude fria; eu amo cada uma das palavras que tanto me fizeram chorar e desejar a morte; eu amo o jeito infantil do qual me trata – e não ligo se também o faz com outros rapazes ao mesmo tempo – o modo modesto ao dizer-me que não és tudo o que digo ser.
Eu amo seus olhos, e a tonalidade que eles assumem. Amo seu sorriso singelo, amo a gargalhada que nunca de fato escutei; amo a sua voz e o tom aveludado que me afaga os ouvidos; amo seus cabelos longos e os imagino esvoaçando na brisa da noite; amo cada traço de sua pele, imaginando o cheiro que ela tem; amo o jeito de vestir e o modo de caminhar, como segura o lápis e como rabisca apenas uma linha na folha.
E mais que tudo, eu amo as lágrimas que agora caem do meus olhos. Aprecio cada minuto que minha garganta aperta me fazendo sentir o mais idiota dos garotos, o mais bicha e o mais desprezível que existiu. Me delicio com o amarga sensação de saber que um dia fui mais forte e menos sensível, na época em que este sentimento era apenas uma ilusão – e eu não o chamo de amor, porque eu não mais sei o que é realmente, apenas sei como é e o quão intenso me tem sido.
Estou amando este exato momento, onde reparo o quanto amo tudo em você e ao mesmo tempo entro em contradição ao dizer que não é amor. Aliás, o que um garoto inexperiente de 17 como eu, Felipe Santiago Ribeiro Nunes, entende de amor e da vida? Eu não sou filósofo, nem porcaria alguma. Mas sei o que sinto, e arrisco dizer que talvez seja amor, porque julgo este sentimento grande demais para receber tal denominação.
Ah, querem saber de uma coisa? Que se foda tudo, eu não sei se é amor. Estou dizendo que é, mas pode muito bem não ser. Nesse exato momento, no entanto, quando digo que não é amor, meu peito comprime e eu lembro você; lembro a distância e, principalmente, o quanto você me faz sentir o melhor dos caras mesmo a essa distância massacrante. Recordo o dia em que nos conhecemos, e sob quais circunstâncias. E o que mais me espanta é saber - que mesmo distantes a milhares de quilômetros e próximos apenas pelo computador ou pela chamada do celular e suas mensagens – o quanto todo esse tempo não apagou ou minimizou meus sentimentos. Ele tem crescido a cada dia. Elevou-se nos momentos em que eu sorri contigo, e pareceu tomar hormônios mutantes de crescimento quando eu pensei em desistir e te esquecer. Foi querendo não te amar que eu te amei ainda mais; foi te ignorando que eu cai em lágrimas e me dei conta que isso doía mais que qualquer outra coisa.
E sabe? Aqui, nesse final, eu realmente espero que você não leia esse texto. As razãos são essas: não quero parecer um idiota com atitudes de menina de treze anos apaixonada por um cara de trinta; não quero te imaginar rindo ironicamente – ou não – dessa maldita e melosa confissão; não quero que mostre às amigas o quão panaca eu sou, e que caçoem ao me verem dizer quantas vezes já chorei. É, bastardos são aqueles que ousam dizer que homens não choram. Mas há um motivo bem mais especial para o meu desejo de que não leias... Eu realmente prezo por sua felicidade, sabe? De verdade. Meu coração pode doer, e eu posso continuar sofrendo por meses – como tem sido até hoje – pelas coisas que aconteceram, porque tudo isso não vai importar se eu souber que seu coração bate por ele ou vice-versa. Você estará feliz, certo? E é a única coisa que vale a pena pensar sobre você. Não estou desistindo – eu nunca o fiz, a prova disso é o quanto você esteve viva em mim depois de todo esse tempo, e o quanto eu realmente não prossegui com a ideia de sumir da sua vida. Eu jamais faria isso.
Cada fibra do meu corpo te deseja e ocupa 98% do dia pensando no que você está fazendo, o quê está comendo ou com quem está conversando; a roupa que escolheu ou o par de brincos que preferiu. Tudo o que penso é você, e talvez esta seja a grande razão para a minha vida ter dado uma incrível e grandiosa parada de uns tempos pra cá. Parei de pensar no meu futuro acadêmico, porque o IDIOTA aqui chegou simplesmente a sonhar em ter um futuro para estar somente ao seu lado e te proporcionar uma vida linda. Eu abri mão dos meus objetivos quando tudo desmoronou, porque meus objetivos tornaram-se apenas um: você.
Eu sou um grande e medíocre idiota por tudo isso, eu sei. Não é a atitude sensata a se tomar. Mas eu não tive escolhe, nunca tive. Essas coisas apenas acontecem, e algumas pessoas conseguem superar, já outras, não. Eu sou o segundo tipo, muito prazer.
Depois de todos esses meses, e após quase um ano, quero que saiba que os momentos em que eu disse aquelas três palavras, não estava brincando ou te enganando. Por tempos – e continua assim – não houve outra pessoa a povoar meus pensamentos, nenhuma outra me inspirou a escrever tantos textos e páginas de poemas que jamais revelei – nem mesmo a você.
Se algum dia eu toquei seu coração, quero que confie demasiadamente apenas dessa vez: tudo o que eu disse foi verdade. Eu não menti. Eu não hesitei. Foi e continua sendo tudo real.
E caso ainda tenha dúvidas se este texto realmente é destinado a você, então venha me perguntar diretamente. Responderei apenas um único sim para uma única pessoa, e esta pessoa é você.


Talvez eu esteja ficando louco, quem sabe?
Felipe Santiago.